terça-feira, 11 de dezembro de 2012

O CÍRCULO VICIOSO DO AMOR IMATURO








Há alguns anos atrás em um momento delicado de minha vida quando estava sofrendo muito por conta de escolha  irrefletida que fizera, dediquei bastante tempo à leitura e reflexão, tentando entender a razão de estar naquela situação. 
Nesta oportunidade as leituras que fiz do livro "Não Temas o Mal" de Eva Pierrakos e em especial este trecho, foram fundamentais na compreensão de mim mesma e um primeiro passo para as necessárias transmutações.
Espero que esta leitura tenha algum valor para os leitores bem como a indicação do livro.

O círculo vicioso do amor imaturo começa na infância. A criança é indefesa, ela precisa de cuidados; ela não pode suster-se sobre as próprias pernas; ela não pode tomar decisões maduras; ela não pode ser livre de motivações fracas e egoístas. Por consequência, a criança é incapaz de um amor altruísta. 

O adulto maduro desenvolve-se em direção a esse amor desde que a personalidade amadureça harmoniosamente e contanto que nenhuma das reações infantis permaneça no inconsciente. Se isso acontece, apenas uma parte da personalidade vai crescer, enquanto outra parte - por sinal muito importante - continuará imatura.
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A criança, em sua  ignorância anseia por um amor exclusivo que não é humanamente possível. Ela não quer dividir amor com os outros, irmãos ou irmãs ou mesmo com um dos pais. A criança com frequência tem ciumes de ambos os pais. Contudo quando os pais não se amam a criança sofre ainda mais. Assim o primeiro conflito surge de dois desejos opostos. 

A criança não compreende que apesar da sua imperfeição os pais são plenamente capazes de amar mais de uma pessoa. Por não compreender este fato, ela se sente rejeitada e excluída se o pai ou a mãe amam outras pessoas. Em resumo, seus anseios nunca podem ser satisfeitos.

 Essa frustração causa ódio e ressentimento, hostilidade e agressão em relação às mesmas pessoas a quem mais ama e a quem deve respeito. Este fato cria um grande conflito na psique humana. Sentindo-se envergonhada por sentir estas emoções que considera más, erradas e pecaminosas, coloca este conflito no inconsciente. Ao sentir-se culpado o inconsciente diz: mereço ser castigado. 

E aí surge o medo do castigo na alma. Em consequência, sempre que está feliz ou sente prazer a pessoa sente que não o merece. A culpa por odiar aqueles que mais ama convence a criança de que não é merecedora de nada que seja bom, alegre e prazeroso. Ela acha que por ser feliz o castigo seria ainda maior.

 Esta fuga da felicidade cria situações e padrões que sempre parecem destruir tudo que é mais ardentemente desejado na vida. Esta situação pode gerar dois tipos de conduta: o desejo de autopunição (é melhor eu me punir do que ser punido por outras pessoas) ou então a personalidade pode concluir: Se eu for perfeito, se eu não tiver falhas nem fraquezas, seu eu for o melhor em  tudo que fizer, então eu posso compensar o meu ódio e ressentimento do passado. 


É óbvio que nem uma solução nem outra levam a qualquer tipo de satisfação na vida porque partem de conclusões erradas. Na realidade ninguém precisa ser punido, o modo de eliminar falhas verdadeiras é muito mais construtivo. 


Neste processo foi criada uma segunda consciência motivada por fraqueza e medo a qual é muito orgulhosa para perceber que você não pode ser tão perfeito ainda. Este orgulho também impede que você se aceite como é agora. Isto gera sentimento de inadequação e inferioridade. 



Como consequência esta falsa consciência se propõe uma nova e falsa solução: se eu receber muito amor, respeito e admiração dos outros isso traria a satisfação pela qual eu originalmente ansiava e me foi negada. 

Aqui o círculo se fecha e a necessidade de ser amado se torna ainda mais compulsiva do que inicialmente. Quando todo este círculo vicioso se tornar consciente, compreendido e emocionalmente sentido e quando estivermos dispostos a amar na mesma medida em que desejamos ser amados é  que o amor virá para nossa vida. 

A criança interior tem um anseio imaturo por amor, por ser cuidada e acarinhada mesmo por pessoas a quem ela não tem a intenção de retribuir o amor. A proporção entre a disposição de dar e receber amor  é muito desigual. 

Em razão desse desequilíbrio básico esse esquema não funcionará pois as leis divinas são sempre justas e equilibradas. De acordo com esta lei, tudo que você dá fluirá de volta. Trabalhando no sentido de descobrir esse circulo e vivenciá-lo você passará a ter a possibilidade de dissolvê-lo.

A alma humana contém toda a sabedoria, toda a verdade de que precisa mas elas são encobertas por este círculo de falsas premissas e falsas soluções. 

Quebrando o círculo vicioso e trabalhando cada elo desta corrente você, finalmente libertará a sua voz interior de sabedoria que o vai orientar de acordo com a consciência divina e segundo seu plano pessoal.

Compilado do livro: Não temas o mal  - Eva Pierrakos e Donovan Thesenga


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