terça-feira, 11 de dezembro de 2012

A CONSTRUÇÃO DO FALSO EU






Na infância, não importa quais tenham sido as circunstâncias particulares, nós fomos doutrinados com admoestações sobre a importância de ser bom, de ser santo e perfeito. Quando isso não ocorria, éramos frequentemente castigados, de uma forma ou de outra.

Talvez o pior castigo tenha sido o fato de nossos pais afastarem de nós o seu afeto; eles ficavam zangados e nós tínhamos a impressão de que não éramos mais amados. Não é de admirar que a "maldade"  fosse associada ao castigo e à infelicidade e a "bondade"com a recompensa e a felicidade. Portanto, ser "bom" e "perfeito" tornou-se um imperativo;  tornou-se uma questão de vida ou de morte para nós.

Mesmo assim, nós sabíamos perfeitamente bem que não éramos tão bons e tão perfeitos quanto o mundo parecia  esperar que nós fôssemos. Isso tinha que ser escondido; transformou-se num segredo carregado de culpa. Foi assim que nós começamos a construir um falso Eu. Este era, pensávamos, a nossa proteção e o meio de conseguirmos tudo aquilo que queríamos desesperadamente - vida, felicidade, segurança, autoconfiança.

A consciência dessa frente falsa começou a desaparecer, mas nós fomos e somos permanentemente permeados pela culpa de fingir que somos alguém  que não somos. Lutamos cada vez mais para nos tornarmos esse falso eu, esse Eu Idealizado. Estávamos, e inconscientemente ainda estamos convencidos de  que, caso nos esforçarmos  o suficiente, um dia seremos esse eu. 

Mas esse processo artificial de nos forçarmos a ser algo que não  somos, jamais nos permitirá atingir um auto-aperfeiçoamento, uma auto purificação e crescimento genuínos, porque começamos a construir um eu irreal sobre um alicerce falso, deixando de fora o nosso Eu Verdadeiro. De fato,  nós o estamos escondendo desesperadamente.

Trecho do livro : Não Temas  o Mal (Eva Pierrakos e Donovan Thesenga)

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