quinta-feira, 8 de novembro de 2012

O CAMINHO DO IOGA


IMAGEM GOOGLE

O caminho do ioga consiste em desatar os nós inerentes à condição humana, algo que definirei aqui, de forma extremamente simplificada, como a desoladora incapacidade de sustentar o contentamento. 

 Ao longo dos séculos, diferentes escolas de pensamento encontraram explicações diferentes para o estado de aparente falha inerente do ser humano. 

Os taoistas chamam-no de desequilíbrio; o budismo, de ignorância; o islamismo põe a culpa de nosso pesar na rebelião contra Deus; e a tradição judaico-cristã atribui todo o nosso sofrimento ao pecado original. 

Os freudianos afirmam que a infelicidade é o resultado inevitável de um embate entre nossas pulsões naturais e as necessidades da civilização. (como explica minha amiga psicóloga. Déborah: "O desejo  é uma falha de design") 


Os iogues, no entanto, dizem que o descontentamento humano é um simples caso de identidade equivocada. 

Nós somos infelizes porque achamos que somos meros indivíduos, sozinhos com nossos medos e falhas, com nosso ressentimento e nossa mortalidade.  

Acreditamos equivocadamente que nossos pequenos e limitados egos constituem toda a nossa natureza. Não conseguimos reconhecer nossa natureza divina mais profunda. 

Não percebemos que em algum lugar dentro de todos nós, existe um Eu supremo que está eternamente em paz. Esse Eu supremo é a nossa verdadeira identidade universal e divina. 

Se você não perceber  essa verdade, dizem os iogues, estará sempre desesperado, ideia expressa de forma inteligente na seguinte frase irritada do filósofo estoico grego Epíteto : "Você leva  Deus dentro de si, seu pobre desgraçado, e não sabe disso ".

Ioga  é o esforço que uma pessoa faz para vivenciar pessoalmente a sua divindade, e em seguida para sustentar essa experiência para sempre. 

Ioga é domínio de si e esforço dedicado a desviar a atenção de reflexões intermináveis sobre o passado e preocupações infindáveis com o futuro para, em vez disso, conseguir buscar um lugar de eterna presença, de onde possa olhar com tranquilidade para si mesmo e para o mundo ao redor. 


Somente dessa perspectiva de equilíbrio da mente é que a verdadeira natureza do mundo (e de você próprio) lhe será revelada.

Os verdadeiros iogues, de sua posição de equanimidade, veem este mundo todo como a mesma manifestação da energia criativa de Deus - homens,  mulheres, crianças, nabos, piolhos, corais: tudo isso é Deus disfarçado. 

Mas os iogues acreditam que a vida humana é uma oportunidade muito especial, pois somente na forma humana, e somente com uma mente humana, é que a percepção de Deus pode ocorrer. 


Os nabos, os piolhos, os corais - eles nunca têm a oportunidade de descobrir quem realmente são. Mas nós temos essa oportunidade.

"Nosso propósito nesta vida", portanto, escreveu Santo Agostinho, ele próprio um pouco iogue, "é recuperar a saúde do olho do coração através do qual se pode ver Deus".

Fonte  : Comer Rezar Amar (Elizabeth Gilbert) p. 129/131 e Google Images

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