domingo, 9 de setembro de 2012

QUEM SOMOS NÓS?


Ilustração da rede neural, onde registram-se os condicionamentos
Fonte da imagem: 
  http://alexandremontagna.com/blog/arquivo/quem-somos-nos-what-the-bleep-do-we-know/


QUEM É O SUJEITO DA EXPERIÊNCIA?


O que vemos, escutamos, provamos pelo paladar, tocamos e cheiramos são, evidentemente, objetos dos sentidos. Eles são aquilo que experimentamos. Mas quem é o sujeito, aquele que vivência a experiência? Se dissermos, por exemplo, "E claro que eu, João da Silva, contador, 45 anos de idade, divorciado, pai de dois filhos, brasileiro, sou o sujeito, aquele que vivência a experiência", estamos enganados. 

João da Silva e todos os elementos identificados com o conceito mental dessa pessoa são todos objetos da experiência, e não o sujeito que a está vivenciando. Toda experiência possui três ingredientes possíveis: percepção dos sentidos, pensamentos ou imagens mentais e emoções. João da Silva, contador, 45 anos de idade, divorciado, pai de dois filhos, brasileiro - esses são todos pensamentos e, portanto, fazem parte do que nós sentimos no momento que os temos. 

Eles e qualquer outra coisa que possamos dizer e pensar sobre nós são objetos, e não o sujeito. São a experiência, e não aquele que vivencia a experiência. Podemos acrescentar mais umas mil definições (pensamentos) sobre quem nós somos e, ao fazermos isso, certamente aumentaremos a complexidade da experiência de nós mesmos. No entanto, dessa maneira, não chegaremos ao sujeito, que é anterior a toda experiência, mas sem o qual elas não existiriam.


Então quem é aquele que vivência a experiência? Somos nós. E quem somos nós? Consciência. E o que é consciência? Essa pergunta não pode ser respondida. No momento em que a respondermos, vamos falsificá-la, transformá-la em outro objeto. A consciência, termo tradicional para aquilo que é espírito, não pode ser conhecida no sentido comum dessa palavra, e tentar persegui-la é bobagem. 

Todo conhecimento se encontra no âmbito da dualidade - sujeito e objeto, o conhecedor e o conhecido. O sujeito, o eu, o conhecedor sem o qual nada seria conhecido, percebido, pensado ou sentido, deve permanecer para sempre incognoscível. Isso porque o eu não tem forma. Apenas as formas podem ser conhecidas. 

E, ainda assim, sem a dimensão sem forma, o mundo das formas não poderia existir. Esse é o espaço iluminado no qual o mundo surge e desaparece. Ele é a vida que Eu Sou. É eterno. Eu Sou eterno, perpétuo. O que acontece nesse espaço é relativo e temporário: prazer e dor, ganho e perda, nascimento e morte.


O maior impedimento à descoberta do espaço interior, a principal barreira à descoberta daquele que tem a experiência, é nos tornarmos tão subjugados pela experiência que acabemos perdidos nela. 

Isso significa que a consciência está desorientada em seu próprio sonho. Somos arrebatados por todo pensamento, toda emoção e toda sensação a tal ponto que, na verdade, nos encontramos num estado de sonambulismo. Essa tem sido a situação normal da humanidade por milhares de anos.

Embora não possamos conhecer a consciência, somos capazes de nos tornar conscientes dela como nós mesmos. Temos como senti-la diretamente em qualquer situação, não importa onde estejamos. 

Podemos senti-la aqui e agora como nossa verdadeira presença, o espaço interior em que as palavras nesta página são percebidas e se transformam em pensamentos. Ela é o Eu Sou subjacente.

Por exemplo, as palavras que você está lendo e nas quais está pensando são o primeiro plano, enquanto o Eu Sou é o substrato, o pano de fundo implícito em cada sensação, pensamento e sentimento.

Trecho do livro : O Despertar de Uma Nova Consciência - Eckhart Tolle

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