quinta-feira, 29 de março de 2012

Vamos passear nos Jardins de Epicuro?

http://marciomariguela.wordpress.com


Hoje resolvi apresentar vocês a Epicuro (para quem ainda não conhece). 



Esta foto de Emanuel Braga do jardim de um mosteiro da cidade Samos, foi o mais perto que eu consegui para ilustrar a casa e o Jardim de Epicuro já que não existe nenhum registro fotográfico ou pintura que retrate este sítio geográfico. 

Geralmente os mosteiros têm áleas nos jardins por onde caminham em meditação os monges o que lembra o que faziam os mestres em suas preleções aos discípulos no jardim de Epicuro.

TETRAPHARMAKON


Inscrição da receita médica para a alma, gravada por Diógenes, na Turquia. Fonte da imagem:http://paracadaproblema.wordpress.com/tag/tetrapharmacon/

O filósofo grego Diógenes, que viveu em Oenoanda – hoje Oinoanda, na Lycia, sudoeste da Turquia – mandou talhar em pedras, por volta de 120 d.C., num muro da cidade, para que todos pudessem ver, quatro máximas, que ficaram conhecidas como TETRAPHARMAKON.


TETRAPHARMACON, São afirmações sintéticas, inspiradas na filosofia de seu mestre Epicuro (341 -270 a.C.) propostas como resumo da sabedoria humana.  Quatro remédios para a felicidade:


1. Não há o que temer quanto aos deuses;
2. Não há necessidade de temer a morte 
3. A felicidade é possível ; 
4. Podemos escapar à dor.

Vídeo relacionado





Para quem não tem tempo ou paciência para fazer a leitura completa do post, se leu o Tetrapharmakon já tem uma ideia da proposta de Epicuro.




Linha do tempo

Epicuro nasceu em 341a. C., na ilha grega de Samos, mas sempre ostentou a cidadania ateniense herdada do pai emigrante. Em Samos, ele passou a infância e a juventude, iniciando os estudos de filosofia com o acadêmico Pânfilo, filósofo platônico cujas lições seguiu dos 14 aos 18 anos.



Ao atingir essa idade, em 323, Epicuro transfere-se para Atenas a fim de cumprir os dois anos obrigatórios de treinamento militar destinado aos efebos (jovens adolescentes). Nessa mesma condição, encontra como colega de turma o futuro dramaturgo Menandro, de quem se torna amigo.


É em Atenas, capital cultural da Grécia Antiga, que Epicuro irá também encontrar  os grandes filósofos ainda em atividade após o desaparecimento de Sócrates e Platão (com exceção de Aristóteles, banido da cidade e refugiado em Cálcis, onde viria a falecer no ano seguinte), desde Teofrasto, o sucessor de Aristóteles no Liceu, até Xenócrates, diretor da Academia, cujos ensinamentos ele certamente seguiu.


Epicuro funda sua primeira escola em Lâmpsaco e conquista os discípulos que o irão acompanhar durante toda a sua trajetória: Hermarco, Colotes, Metrodoro, Pítocles e Heródoto. Estes três últimos ao lado de Meneceu são os destinários das três famosas cartas que escreveu e que costumam ser apontadas como a síntese do pensamento epicurista. 


Em 306 volta a Atenas onde, em uma casa que comprou instalou sua escola mais tarde denominada de "O Jardim de Epicuro". Na casa habitavam, além de Epicuro, os antigos discípulos agora denominados de Mestres que acampavam em barracas no jardim da residência, cultivavam hortaliças e recebiam os novos discípulos.


A Filosofia de Epicuro



A  famosa "Carta sobre a felicidade" contendo a súmula de seu pensamento filósofo, serve para desmentir o julgamento apressados de muitas pessoas que o julgaram sem o conhecer e divulgaram um retrato errôneo do filósofo e de seu pensamento filosófico.



No Jardim de Epicuro, vicejava uma verdadeira comunidade de pensamento e experiência onde mestres e discípulos viviam de uma maneira ascética, consumindo apenas as hortaliças que eles próprios cultivavam, às quais acrescentavam apenas pão e água ou, ainda, queijo em ocasiões especiais.
 Sim, eram vegetarianos! 


A real importância da doutrina de Epicuro vai muito além destes aspectos puramente circunstanciais.  Sua filosofia perdurou durante sete séculos no mundo greco-romano, e encontrou entre Lucrécio, Sêneca e Cícero os seus mais ilustres discípulos tardios.


Escreveu uma carta a Heródoto que era um verdadeiro tratado de física atômica (física), uma a Pítocles, a propósito dos fenômenos celeste (astronomia) e uma carta a Meneceu (a Carta sobre a felicidade) que versa sobre a conduta humana tendo em vista alcançar a tão almejada "saúde do espírito" (Filosofia e Ética)


Nesta carta ele afirma a necessidade de estudar Filosofia, para ele, a disciplina cuja meta é tornar feliz o homem que a pratica. A seguir disserta sobre tópicos que achava mais essenciais para esta busca, começando pela crença  na existência de deuses, considerados entes imortais e abençoados.


A seguir passa a dissertar sobre a morte. Segundo Epicuro é absolutamente necessário vencer esse medo da morte, ninguém deve temê-la uma vez que não há nenhuma vantagem em viver eternamente: o que importa não é a duração mas a qualidade da vida.


Continuando, descreve as várias modalidades de desejo e a necessidade imperiosa de controlá-los, tendo em mira a saúde do corpo bem como a tranquilidade do espírito, esta é a concepção do prazer no modo como Epicuro encara a sabedoria do bem viver. 

Podemos perceber aí, que, para ele, a busca indiscriminada do prazer pode resultar mais em dor do que em felicidade. Do mesmo modo, uma dor nem sempre deve ser evitada, já que pode resultar em prazer em tempos posteriores.


Assim sendo, em sua filosofia recomenda uma conduta comedida, moderada em relação aos prazeres, de acordo com sua crença de que devemos priorizar o princípio da qualidade, em detrimento da quantidade.


Por último, Epicuro acredita que o homem sábio não deve acreditar num destino cego ou na sorte como se fossem fatalidades inexoráveis e sem esperança, aqui mostra sua crença na vontade e liberdade do homem.


Foram esses os pontos essenciais da carta que escreveu ao discípulo Meneceu garantindo-lhe que a prática destes ensinamentos não só seria capaz de levá-lo à mais completa felicidade, mas até mesmo a sentir-se como um deus imortal entre os homens mortais.


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Desejando ler no original a Carta sobre a Felicidade A Meneceu, existe um livro de bolso da Editora UNESP (FEU). Tradução e apresentação de Álvaro Lorencine e Enzo Del Carratore.  Ou, então, a edição de G Arrighetti, Epicuro, Opere, Torino, 1973. entres outras publicações.



Vídeo sobre Epicuro e seu pensamento.




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