Tudo que é guardado na memória do Tempo fica profundamente gravado sobre as coisas do Espaço. A própria terra que pisais, o próprio ar que respirais, as próprias casas em que morais poderiam facilmente revelar-vos os mínimos pormenores do registo de vossas vidas - passada, presente e do porvir - tivésseis vós a capacidade de ler e a perspicácia de entender o sentido.
Na vida, como na morte; na Terra ou além da Terra, jamais estareis sós, mas na constante companhia de seres e coisas que participam de vossa vida e de vossa morte, assim como vós participais da vida e da morte deles.
Assim como os buscais, assim eles vos buscam. O Homem tem sua conta com todas as coisas, e estas têm sua conta com o Homem. Esse intercâmbio segue sem interrupção. O raio jamais feriria a casa se a casa o não atraísse. A casa é tão responsável pela sua ruína quanto o raio.
O assassinado afia o punhal do assassino e ambos desferem o golpe fatal. O roubado dirige os movimentos do ladrão e ambos cometem o roubo. Sim, o Homem convida as suas próprias calamidades e depois protesta contra os hóspedes importunos, por se haver esquecido quando e como escreveu e enviou os convites.
O Tempo, no entanto, jamais esquece; o Tempo entrega o convite no endereço certo, e o Tempo conduz cada convidado à casa do anfitrião.
E em verdade vos digo, jamais protesteis contra um hóspede, para que ele não se vingue, demorando-se muito tempo ou tornando as suas visitas mais freqüentes do que seria normal.
Sede bondosos e hospitaleiros para com eles, seja qual for o seu procedimento ou comportamento, pois na realidade são vossos credores. Dai aos importunos mais do que deveis, para que se vão gratos e satisfeitos e para que, se voltarem a visitar-vos, o façam como amigos e não como credores.
Fonte: Trecho do livro de Mirdad
Nota: Podemos interpretar como hóspede, pessoas com as quais convivemos, ou até mesmo as doenças e outros males que nos afligem.
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