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segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

CRISE






CRISE (texto original)

Autor: Maurício Góis

A crise é a melhor benção que pode acontecer a pessoas e países porque a
crise traz progresso, a criatividade nasce da angústia e o dia lindo vem
do ventre da tempestade escura. 

É na crise que surge a invenção, a descoberta,
a reflexão e as grandes estratégias do “marketing” do amor. Quem supera a crise,
supera a si mesmo, sem ficar superado. E quem pendura no gancho da crise seus
fracassos e lamúrias, violenta seu próprio talento e tem mais respeito a problemas
que soluções. 

A crise é uma farsa, a não ser a crise de incompetência, pois o
problema de pessoas e países é de autogerência. Sem crises não há desafios,
sem desafios, a vida é rotina que chama o túmulo. Sem crise ninguém tem méritos.
É só na crise que você mostra que é bom, pois sem crise toda vento é carícia.

Por isso, falar da crise é promovê-la e calar na crise é exaltar o conformismo.
Em vez disso, trabalhe duro, desinflacione a crise de você mesmo e acabe de
uma vez com a única crise ameaçadora que é a da tragédia de não saber
por onde começar.
Vou gostar muito de receber um e-mail seu para saber o que você pensa de tudo isto.

Fonte: http://www.editoraproexito.com.br/noticias/o-que-albert-einstein-tem-a-ver-com-a-crise

sexta-feira, 6 de abril de 2012

SE NÃO VOS CONVERTERDES, TODOS PERECEREIS







Acredito que a solução para a crise mundial que ora sofremos é tudo uma questão de conversão. Não a conversão a uma religão ou outra mas uma conversão de valores e atitudes, uma mudança   radical na forma em que estamos condicionados a pensar e agir. É mudar ou não haverá mais uma espécie humana daqui a algum tempo. Sim, espécie humana porque o planeta não precisa de nós pra continuar existindo, muito pelo contrário.

Vejamos o que Leonardo Boff tem a dizer a este respeito.

Disse Jesus nos evangelhos:"Se não vos converterdes, todos vós perecereis". Quis dizer: "Se não mudardes de modo de ver e de agir,  todos vós perecereis". Nunca estas palavras me pareceram tão verdadeiras como quando assisti a Crônica de Copenhague, um documentário da TV francesa e passada num canal fechado no Brasil e, suponho, no mundo inteiro. Na COP-15 em Copenhague em dezembro último, se reuniram os representantes das 192 nações para decidir a redução das taxas de gases de efeito estufa, produtores do aquecimento global.

Todos foram para lá com a vontade de fazer alguma coisa. Mas as negociações depois de uma semana de debates acirradíssimos chegaram a um ponto morto e nada se decidiu. Quais as causas deste impasse que provocou decepção e raiva no mundo inteiro?

Creio que antes de mais nada não havia suficiente consciência coletiva das ameaças que pesam sobre o sistema-Terra e sobre o destino da vida. É como se os negociadores fossem informados de que um tal de Titanic estaria afundando sem se dar conta de que se tratava do navio sobre o qual estavam, a Terra.

Em segundo lugar, o foco não estava claro: impedir que o termômetro da Terra suba para mais de dois graus Celsius, porque então conheceremos a tribulação da desolação climática. Para evitar tal tragédia, urge reduzir a emissão de gases de efeito estufa com estratégias de adaptação, mitigação, concessão de tecnologias aos países mais vulneráveis e financiamentos vultosos para alavancar tais medidas. A preocupação agora não é garantir a continuidade do status quo mas dar centralidade ao sistema Terra, à vida em geral e à vida humana em particular.

Em terceiro lugar, faltou a visão coletiva. Muitos negociadores disseram claramente: estamos aqui para representar os interesses de nosso país. Errado. O que está em jogo são os interesses coletivos e planetários e não de cada pais. isso de defender os interesses do país é próprio dos negociadores da Organização Mundial do Comércio, que se regem pela concorrência e não pela cooperação. 

Predominando a mentalidade de negócios funciona a seguinte lógica, denunciada por muitos bem intencionados, em Copenhague: não há confiança pois todos desconfiam de todos; todos jogam na defensiva; não colocam as cartas sobre a mesa por temerem a crítica e a rejeição; todos se reservam o direito de decidir só no último momento como num jogo de pôquer. 

Os grandes jogadores se omitiram: a China observava, os EUA calavam, a União Européia ficou isolada e os africanos, as grandes vítimas, sequer foram tomados em consideração. O Brasil no fim mostrou coragem com as palavras denunciatórias do Presidente Lula.

Por último, o fracasso de Copenhague - bem o disse Lord Stern lá presente - se deveu à falta de vontade de vivermos juntos e de pensarmos coletivamente. Ora, tais coisas são heresias para  espírito capitalista afundado em seu individualismo. Este não está nada interessado em viver juntos, pois a  sociedade para ele  não passa de um conjunto de indivíduos, disputando furiosamente a maior fatia do bolo chamado Terra.

Jesus tinha razão: se não nos convertermos, vale dizer, se não mudarmos este tipo de pensamento e de prática, na linha da cooperação universal jamais  chegaremos a um consenso salvador. E assim iremos ao encontro dos dois graus Celsius de aquecimento com as suas dramáticas consequências.

A valente negociadora francesa Laurence Tubiana no balanço final disse resignadamente:"os peixes grandes sempre comem os menores e os cínicos sempre ganham a partida, pois essa é a lógica da história". Esse derrotismo não podemos aceitar. O ser humano é resiliente, isto é, pode aprender de seu erros e, na urgência, pode mudar. Fico com o paciente chefe dos negociadores Michael Cutajar que no final de um fracasso disse: "amanhã faremos melhor".

Desta vez a única alternativa salvadora é pensarmos juntos, agirmos  juntos, sonharmos juntos e cultivarmos a esperança juntos, confiando que a solidariedade ainda será o que foi no passado: a força secreta de nossa melhor humanidade.

Leonardo Boff é autor de Convivência, Tolerância e Respeito, Editora Vozes (2007).
Fonte: http://www.leonardoboff.com/