domingo, 5 de janeiro de 2014

O ÚLTIMO LOTO



Sudas, um humilde jardineiro, colheu o último loto que sobrara em seu jardim, por descuido do inverno. E saiu em direção ao palácio real, a fim de ver se o rei não desejava comprá-lo. 

Ao se aproximar, encontrou um comerciante que lhe disse: 
― Quanto queres por este loto? Desejo oferecê-lo ao Buda, Nosso Senhor. 
E Sudas respondeu: 
― Uma moeda de ouro, senhor. 

O homem concordou. Nesse mesmo instante, o rei saía do palácio para visitar Nosso Senhor Buda. Vendo a linda flor nas mãos do jardineiro, pensou: 
― Que bonito seria pôr aos pés de Buda este loto de inverno! 

E o quis comprar. Quando Sudas, o jardineiro, disse que já haviam oferecido por ele uma moeda de ouro, o rei lhe ofereceu dez, mas, em seguida, o comerciante dobrou a oferta. 

O jardineiro, deslumbrado, logo pensou que aquele a quem os dois queriam oferecer o loto era muito mais rico e poderoso do que imaginara, e que certamente lhe pagaria uma verdadeira fortuna por ele. Disse então: 
― Não posso vender esta flor.

E, em silêncio, atravessou a floresta que se espalhava além dos muros da cidade. Logo depois, Sudas estava de pé, diante de Buda, Nosso Senhor, cujos lábios são o trono do silêncio do amor e cujos olhos destilam paz como a estrela matutina de outono, feita de orvalho. 

Olhando seu rosto, pôs a seus pés o loto. No mesmo instante, Sudas sentiu-se pleno de felicidade e, em êxtase, caiu de joelhos aos pés de Buda, esmagando a flor que se misturou ao pó da terra. 
Buda sorriu e disse: 
― Que queres, filho meu? 
E Sudas respondeu: 

― A mais leve carícia de teus pés.

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