sábado, 30 de julho de 2011

A agricultura semi selvagem de Masanobu Fukuoka


Texto extraído do livro "A Revolução de uma Palha" de Masanobu Fukuoka.

"Eu cultivo os meus legumes de maneira semi-selvagem, utilizando um terreno vago, ribanceira ou terra inculta não vedada. A minha concepção é lançar, simplesmente as sementes à terra e deixar que os legumes crescam com as ervas daninhas. Faço crescer os meus legumes na encosta da montanha, nos espaços livres entre os citrinos.

O ponto importante é saber qual o momento certo para cultivar. Para os legumes primaveris, o momento certo é quando as ervas daninhas de Inverno começam a morrer e imediatamente antes da germinação das ervas daninhas da Primavera. 

No Outono, a sementeira deve fazer-se quando as ervas de Verão murcham e as ervas daninhas de Inverno não apareceram ainda.
O melhor é esperar por uma chuva que tenha hipótese de durar vários dias.

 Ceifa-se a cobertura de ervas daninhas e espalham-se as sementes dos legumes. Não é necessário recobri-las de terra; as ervas daninhas que tivermos cortado são simplesmente espalhadas sobre as sementes, para desempenharem a função de cobertura e esconderem-nas dos pássaros e das galinhas até começarem a germinar. 

 Habitualmente, as ervas daninhas devem ser cortadas duas ou três vezes para se dar algum espaço aos rebentos de legumes, mas por vezes um único corte é suficiente.

Nos sítios onde as ervas daninhas e o trevo não são espessos demais, as sementes podem ser simplesmente lançadas à terra. As galinhas comerão algumas, mas muitas germinarão, se semearmos em linha ou em rego, há possibilidades de os coleópteros e outros tipos de insectos devorarem um bom número de sementes, porque caminham em linha recta.(...)

Os legumes que cresceram desta maneira são mais fortes do que a maioria das pessoas pensa. Se nascerem antes da ervas daninhas, não serão de seguida cobertos por elas. 

Há alguns legumes, tais como os espinafres e as cenouras, que não germinam com facilidade. Demolhar as sementes durante um dia ou dias e então envolvê-las em bolinhas de barro deverá resolver o problema.

Se forem semeados de forma mais concentrada, o rabanete japonês, o nabo e outros legumes verdes e folhosos de Outono serão suficientemente fortes para competir vitoriosamente com as ervas daninhas de Inverno e do inicio da Primavera. Um certo número destes legumes não são colhidos e reproduzem-se sozinhos anos após anos. Têm um perfume único e constituem um alimento muito interessante.

(...) Inicialemente, os tomates e beringelas não são suficientemente resistentes para entrar em competição com as ervas daninhas, de modo que devem primeiro semear-se em canteiro para germinarem, e serem de seguida transplantados. Em vez de se porem em estacas, devem deixar-se os tomateiros espalharem-se sobre a terra. Os nós da haste principal acabam por ganhar raiz e originarem novos rebentos que darão frutos.

Quanto aos pepinos, a variedade rastejante é a melhor. Deve cuidar-se dos pés jovens cortando ocasionalmente as ervas daninhas, mas depois disso os pés tornar-se-ão resistentes.

 Disponha bambu ou ramos de árvores e os pepinos enrolar-se-ão neles. Os ramos sustêm os frutos mesmo acima do solo de talmodo que eles não apodrecem. Este método para fazer crescer os pepinos funciona também com os melões e as abóboras.

(...) O objectivo principal desta cultura de legumes semi-selvagens é cultivar o mais naturalmente possível numa terra que de outro modo seria deixada inculta. Se forem misturados diversos tipos de ervas e de legumes, e eles crescerem por entre a vegetação natural, os estragos causados pelos insectos e as doenças serão minímos e não será necessário fazer pulverizações nem apanhar os insectos à mão.
Podemos cultivar legumes em qualquer lugar onde o crescimento das ervas daninhas for variado e forte.

Fonte: http://portaldapermacultura.jimdo.com/recursos-downloads/fukuoka/

A seguir, vídeo sobre o criador da agricultura natural, Masanobu Fukuoka. Nacido em 2/2/1913, agricultor e microbiólogo japonês, autor de vários livros, entre eles : "A Revolução De Uma Palha", publicado em 1975, agora mais atual do que nunca, no qual narra toda a história do seu método de cultura natural também denominado semi-selvagem.

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