Para comemorar o dia do planeta Terra, achei pertinente publicar este pequeno trecho da publicação: Nosso Futuro Comum.
“Todo ser humano é parte da comunidade de seres vivos. Esta comunidade interliga todas as sociedades humanas – gerações presentes e futuras – como também a humanidade com o restante da natureza.”
O documento defende a tese central da ecologia profunda, que se recusa a ver a natureza e os animais como meros instrumentos do bem-estar humano:
“Cada forma de vida deve ser respeitada, independentemente de seu valor para o homem. O desenvolvimento humano não deve ameaçar a integridade da natureza nem a sobrevivência de outras espécies. As pessoas devem tratar dignamente todas as criaturas e protegê-las da crueldade, evitando o sofrimento e a morte desnecessária”.
Propondo uma “ética mundial para viver de forma sustentável”, o documento aborda a necessidade de moderação e simplicidade em nossa relação com o meio ambiente:
“Todos devem ser responsáveis pelo seu próprio impacto sobre a natureza. Os recursos devem ser usados apenas nos níveis necessários e com eficiência, atentando para que o uso dos recursos renováveis seja sustentável”.
O texto adota a tese de Jacques Cousteau e fala sobre a nossa obrigação para com a humanidade do futuro:
“Todos devem ter como objetivo compartilhar os benefícios e custos do uso de recursos entre comunidades e grupos interessados, entre as regiões pobres e ricas, entre as gerações presentes e futuras. Cada geração deve deixar para sua sucedânea um mundo pelo menos tão diverso e produtivo quanto aquele que herdou. A proteção dos direitos humanos e do restante da natureza é responsabilidade de âmbito mundial que transcende as fronteiras culturais, ideológicas e geográficas. A responsabilidade é tanto coletiva como individual.”
Cuidando do Planeta Terra descreve os problemas e levanta soluções práticas nos campos energético, industrial, comercial, agrícola, florestal, na questão da água doce e dos oceanos, e mostra de que modo a comunidade humana pode organizar-se em função da idéia central do desenvolvimento sustentável.
Era um texto demasiado bom para que fosse compreendido e levado a sério na década em que foi lançado. Seria exigir demais dos nossos dirigentes que pensassem no futuro de maneira sadia, a menos que sejam obrigados a isso pelos fatos do dia-a-dia. Por isso o despertar tem avançado através de pequenos eventos e iniciativas, que se alastram silenciosamente e sem chamar atenção de quem não tem olhos para ver.
Há um tempo para tudo e haverá um tempo para que a proposta de desenvolvimento sustentável seja aplicada em todo o mundo, respeitando as peculiaridades locais. Cada pessoa que assume interiormente um compromisso com o futuro da Terra faz com que o nascimento da nova civilização fique um pouco mais próximo. Chegado o momento, veremos que a humanidade já não precisa evoluir tanto através da dor, mas pode avançar mais rapidamente pela prática da fraternidade e da cooperação.
Fonte: trechos de:
“Nosso Futuro Comum” – Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1988, 430 pp.