terça-feira, 26 de abril de 2011

A Parábola da Paz Perfeita


Foto de Jorge Delfim
Era uma vez um rei, e o rei ofereceu um grande prêmio ao artista que fosse capaz de captar numa pintura a paz perfeita.

Foram muitos os artistas que tentaram. O rei observou e admirou todas as pinturas, mas houve apenas duas de que ele realmente gostou e decidiu que iria  escolher entre ambas. A primeira era um lago muito tranqüilo. Este lago era um espelho perfeito onde se refletiam umas plácidas montanhas que o rodeavam.

Sobre elas encontrava-se um céu muito azul com tênues nuvens brancas.
Todos os que olharam para esta pintura pensaram que ela refletia a paz perfeita.
A segunda pintura também tinha montanhas.
Mas estas eram escabrosas e estavam despidas de vegetação.

Sobre elas havia um céu tempestuoso do qual se precipitava um forte aguaceiro com faíscas e trovões. Montanha abaixo parecia retumbar uma espumosa torrente de água. Tudo isto se revelava nada pacífico.

Mas, quando o rei observou mais atentamente, reparou que atrás da cascata havia um arbusto crescendo de uma fenda na rocha. Neste arbusto encontrava-se um ninho. Ali, no meio do ruído da violenta camada de água, estava um passarinho placidamente sentado no seu ninho.

Paz perfeita!

O rei escolheu a segunda e explicou:


“Paz não significa estar num lugar sem ruídos, sem problemas, sem trabalho árduo ou sem dor. Paz significa que, apesar de se estar no meio de tudo isso, permanecemos calmos no nosso coração”.
Este é o verdadeiro significado da paz.

Fonte: http://www.otimismoemrede.com/pazperfeita.html 
  

Onde está nossa paz?



As cidades degeneraram pelo seu distanciamento da natureza e dos seus ritmos vitais básicos.  Como um animal em cativeiro que perde a alegria de viver, o ser humano distante da natureza é  preso por suas preocupações pessoais,  e dificilmente encontra paz, dentro ou fora de si.  O resultado é a violência: primeiro em pensamento e sentimento, e depois na realidade externa. 

Oráculos da Verdade



O filósofo alemão Emmanuel Kant não anda muito em moda. Sobretudo por ter adotado em suas obras uma linguagem hermética. Porém, num de seus brilhantes textos – “O que é o Iluminismo?” – sublinha um fenômeno que, na cultura televisual que hoje impera, se torna cada vez mais generalizado: as pessoas renunciam a pensar por si mesmas. Preferem se colocar sob proteção dos “oráculos da verdade”: a revista semanal, o telejornal, o patrão, o chefe, o pároco ou o pastor.
Esses os guardiões da verdade que, bondosamente, velam para não nos permitir incorrer em equívocos. Graças a seus alertas sabemos que as mortes de terroristas nas prisões made in USA de Bagdá e Guantánamo são apenas acidentes de percurso comparadas à morte de um preso comum, disfarçado de político, num hospital de Cuba, em decorrência de prolongada greve de fome.
São eles que nos tornam palatáveis os bombardeios dos EUA no Iraque e no Afeganistão, dizimando aldeias com crianças e mulheres, e nos fazem encarar com horror a pretensão de o Irã fazer uso pacífico da energia nuclear, enquanto seu vizinho, Israel, ostenta a bomba atômica.

São eles que nos induzem a repudiar o MST em sua luta por reforma agrária, enquanto o latifúndio, em nome do agronegócio, invade a Amazônia, desmata a floresta e utiliza mão de obra escrava.
É isso que, na opinião de Kant, faz do público Hausvieh, “gado doméstico”, arrebanhamento, de modo que todos aceitem, resignadamente, permanecer confinados no curral, cientes do risco de caminhar sozinho.

Kant aponta uma lista de oráculos da verdade: o mau governante, o militar, o professor, o sacerdote etc. Todos clamam “Não pensem!” “Obedeçam!” “Paguem!” “Creiam!” O filósofo francês Dany-Robert Dufour sugere incluir o publicitário que, hoje, ordena ao rebanho de consumidores: “Não pensem! Gastem!

Tocqueville, autor de Da democracia na América (1840), opina em seu famoso livro que o tipo de despotismo que as nações democráticas deveriam temer é exatamente sua redução a “um rebanho de animais tímidos e industriosos”, livres da “preocupação de pensar”.

O velho Marx, que anda em moda por ter previsto as crises cíclicas do capitalismo, assinalou que elas decorreriam da superprodução, o que de fato ocorreu em 1929. Mas não foi o que vimos em 2008, cujos reflexos perduram. A crise atual não derivou da maximização da exploração do trabalhador, e sim da maximização da exploração dos consumidores. “Consumo, logo existo”, eis o princípio da lógica pós-moderna.

Para transformar o mundo num grande mercado, as técnicas do marketing contaram com a valiosa contribuição de Edward Bernays, duplo sobrinho estadunidense de Freud. Anna, irmã do criador da psicanálise e mãe de Bernays, era casada com o irmão de Martha, mulher de Freud. Os livros deste foram publicados pelo sobrinho nos EUA. Já em 1923, em Crystallizing Public Opinion, Bernays argumenta que governos e anunciantes são capazes de “arregimentar a mente (do público) como os militares o fazem com o corpo”.

Como gado, o consumidor busca sua segurança na identificação com o rebanho, capaz de homogeneizar seu comportamento, criando padrões universais de hábitos de consumo através de uma propaganda libidinal que nele imprime a sensação de ter o desejo correspondido pela mercadoria adquirida. E quanto mais cedo se inicia esse adestramento ao consumismo, tanto maior a maximização do lucro. O ideal é cada criança com um televisor no próprio quarto.

Para se atingir esse objetivo é preciso incrementar uma cultura do egoísmo como regra de vida. Não é por acaso que quase todas as peças publicitárias se baseiam na exacerbação de um dos sete pecados capitais. Todos eles, sem exceção, são tidos como virtudes nessa sociedade neoliberal corroída pelo afã consumista.

A inveja é estimulada no anúncio da família que possui um carro melhor que o de seu vizinho. A avareza é o mote das cadernetas de poupança. A cobiça inspira as peças publicitárias, do último modelo de telefone celular ao tênis de grife. O orgulho é sinal de sucesso dos executivos assegurados por planos de saúde eterna. A preguiça fica por conta das confortáveis sandálias que nos fazem relaxar ao sol.

A luxúria é marca registrada dos jovens esbeltos e das garotas esculturais que desfrutam vida saudável e feliz ao consumirem bebidas, cigarros, roupas e cosméticos. Enfim, a gula envenena a alimentação infantil na forma de chocolates, refrigerantes e biscoitos, induzindo a crer que sabores são prenúncios de amores.

Na sociedade neoliberal, a liberdade se restringe à variedade de escolhas consumistas; a democracia, em votar nos que dispõem de recursos milionários para bancar a campanha eleitoral; a virtude, em pensar primeiro em si mesmo e encarar o semelhante como concorrente. Esta a verdade proclamada pelos oráculos do sistema.

Frei Betto  (escritor, autor de “Um homem chamado Jesus” (Rocco), entre outros livros.)
http://www.freibetto.org

Conexão com a Terra – a jornada lírica do átomo do carbono


O carbono é o tijolo do edifício da vida e aqui veremos uma das fases desta interminável jornada, em uma adaptação de um ensaio de Primo Levi.

Se alguma vez você pensou que estava desconectado com este planeta, este ensaio vai lhe esclarecer, pois você tem cerca de 700.000.000.000.000.000.000.000.000 (setecentos septilhões) átomos de carbono no corpo (que representam 10% da massa corporal), sendo que cada um já executou incontáveis danças, não diferentes desta que vamos ver agora...

"Nosso átomo de cabono se mantém há milhões de anos ligado a três átomos de oxigênio e um de cálcio, sob a forma de calcário, não muito distante da superfície da Terra.

A qualquer momento, um golpe de picareta pode soltá-lo para levá-lo a uma caieira (forno de cal), lançando-no no mundo das coisas que se alteram. Ele é assado e, ainda junto a seus companheiros de oxigênio, é lançado pela chaminé e encontra o caminho do ar. Sua história, que antes era estática, se tornou tumultuada.

Ele foi apanhado pelo vento, arremessado à terra e lençado a dez quilômetros de altura. Foi respirado por um falcão, desceu até seus íngremes pulmões, mas não penetrou no sangue e foi expelido.

Foi dissolvido três vezes pela água do mar, chegou às águas de uma torrente caudalosa e mais uma vez foi expelido. Viajou com o vento durante oito anos: algumas vezes no alto, outras, mais baixo, no mar ou entre nuvens, sobre florestas, desertos e a interminável imensidão do gelo, até tropeçar e cair preso na aventura orgânica.


 O átomo de que estamos falando nasceu com o vento perto de uma fileira de videiras. Ele teve a sorte de se esfregar numa folha, penetrar nela e se fixar ali por um raio de sol.

Agora nosso átomo formou parte de uma molécula de glicose. Viajou da folha para o caule e dali desceu para um cacho de uvas quase maduras. O que aconteceu depois foi da responsabilidade dos vinicultores.

O destino do vinho é ser bebido. Quem o bebe fica com a molécula no fígado durante mais de uma semana, bem enroscada e tranqüila, como uma reserva de energia para um esforço súbito, uma esforço que terá de fazer no domingo que vem, perseguindo um cavalo em disparada...


O átomo foi arrastado para fora da corrente sangüínea e foi parar numa minúscula fibra muscular do quadril... e, depois, como dióxido de carbono, foi expirada e voltou ao ar.

Mais uma vez com o vento, mas desta vez mais longe, ele cruzou os Apeninos e o mar Adriático, passou pela Grécia, pelo mar Egeu e por Chipre: estamos sobre o Líbano. E a dança se repete.

O átomo agora penetra e fica preso ao respeitável caule de um cedro, um dos últimos. Ele pode ficar no cedro até 500 anos, mas vamos dizer que, depois de vinte, uma larva de caruncho se interessou por ele e o engoliu.

A larva de caruncho se tornou uma pupa e, na primavera, surgiu sobre a forma de mariposa que agora morre sob o sol, confusa e fascinada pela beleza do dia. Nosso átomo está em um dos mil olhos do inseto.

Quando o inseto morre, ele cai no chão e é enterrado sob a vegetação rasteira da floresta. Aqui entra em ação o onipresente, incansável e invisível microorganismo do húmus. A mariposa lentamente se desintegrou e o átomo mais uma vez ganhou asas.

E alçou vôo... até chegar a um momento de descanso na superfície do mar, e então lentamente afundou. Uma alga marinha de passagem se apropria do átomo para construir a extremamente delicada concha de carbonato de cálcio. Ele logo morre e desliza até o fundo do oceano, onde se compacta com trilhões de companheiros e seus átomos de carbono.

Passada uma era geológica, os movimentos da placa tectônica trouxeram esse sedimento - agora um penhasco cretáceo - para a superfície da terra, expondo nosso átomo mais uma vez à possibilidade de voar na complexa dança da vida."

Agora olhe para a sua mão – uma cicatriz, talvez, ou uma unha. Pense nisso como menos que uma mão, mais como um lugar de descanso temporário para incontáveis átomos de carbono. Um lugar em que eles estão fazendo uma pequena pausa antes de prosseguir na vasta e interminável jornada que passa pelas profundezas dos oceanos, o céu mais alto, os dinossauros que viveram antes de você e as criaturas com que nem sonhamos e que virão depois de nós.

Já se sente conectado?

Fonte: http://www.syntonia.com/terra/manual-cidades-em-transicao/index.htm

.O tamanho da população humana e a degradação ambiental.


 Por que se correlaciona tão pouco estes dois problemas?


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