quarta-feira, 18 de setembro de 2013

PAI DO CÉU

 


Esta é uma linda oração na voz belíssima de Enya.
Vamos aproveitar para nos deliciar e viajar nas asas desta bela música.

A MÃE DO UNIVERSO

FONTE DA IMAGEM:
http://nathalie-pachecomoradadadeusa.blogspot.com.br/2013/01/deusa-grande-mae.html


Meu coração está tranquilo, vive no seio da mãe do universo.

Eu mesmo não criei o meu ser.

Ao ser criado recebi a vida através da extensão amorosa daquela que me criou e, permaneço para todo o sempre ligado, conectado, a Grande Fonte que é origem de toda manifestação da vida.

A medida que cresce a minha confiança desaparece o meu medo e com ele todas as preocupações.

Pois o medo e a preocupação é do ego, este ser ilusório que acredita ter criado a si mesmo, que acredita estar só diante de toda a vastidão do universo, que acredita depender só de si e por este motivo vive com medo.

Quem vive com medo é incapaz de amar, e quem é incapaz de se abrir para o amor é incapaz de se abrir para o sagrado e conhecer o amor e a segurança dos braços da Grande Mãe.

Todo pesadelo é uma ilusão, tudo que te faz sofrer, te oprime, te limita é uma ilusão. É uma ilusão que a serpente dentro de ti alimenta.

Somente as criações da luz são reais, quando estás desesperado, quando sentes medo, sabe que o teu ser dorme e descansa nos braços da Grande Mãe e tu sonhas essas ilusões... A Grande-Mãe não está preocupada com os teus pesadelos, pois tem a certeza que tu despertarás, e isto é só uma questão de tempo.

Eu ainda estou dormindo mas os fantasmas dos meus pesadelos estão desaparecendo um por um, e um sonho feliz começa a se formar e eu estou feliz, porque durmo nos braços da Grande Mãe, meu coração está tranquilo, pois vive no seio da mãe do universo!

Quem é Marcos Gualberto? Como o Encontrei? E Qual é a proposta do seu trabalho em Satsang?




Para responder essas três perguntas, procurarei ser breve e direto, resumindo da forma que me for possível. Ao responder a primeira não há nenhuma preocupação quanto a questões de ordem biográfica, isto todos podem se informar através do blog do Marcos Gualberto - www.marcosgualberto.blogspot.com.br - sua primeira vivência com a meditação profunda aos cinco anos de idade, sua criação dentro de uma família evangélica, sua busca incansável por Deus na juventude, sua formação em teologia, sua vida como pastor evangélico, seu encontro com Ramana Maharshi em 1986 através de uma foto em um livro e, a partir daquele instante, a presença da Graça de Sri Bhagavan Ramana Maharshi. A dissolução da ideia de um "eu presente" em 2007, vinte e um anos depois deste encontro. Ou seja, falarei a partir daquilo que vejo, que sinto e que pude vivenciar nesse dois anos anos e três meses participando assiduamente de um trabalho chamado Satsang.

Quem é Marcos Gualberto?

Em última instância Marcos Gualberto é a Presença da Graça na forma, é a Presença do Amor na forma, é a Presença da Alegria na forma, é a Presença da Liberdade na forma, é a Presença de Deus na forma, é a Presença, é a Consciência em forma humana e, é aquilo que não possui forma e está além do conhecido, além do tempo e do espaço. 

Isto o torna especial? 

Não necessariamente, porque Eu Sou Isto também, você que lê essas linhas também é a Realidade Suprema, princípio e fim de todas as coisas, Espaço Sagrado e Ilimitado onde tudo aparece e onde tudo desaparece, permanecendo intacto, imutável, indescritível, incognoscível, Deus.

No entanto, dentro deste assim chamado plano fenomênico, dentro desta ideia superficial de um "eu vivendo a vida no mundo", quantos de nós vivemos em consonância com aquilo que somos verdadeiramente em nossa real natureza? 

Quantos de nós vivemos em "tempo integral" completamente livres de preocupações, de medo, de ansiedade, transtornos, de tristeza, de depressão? 

Quantos de nós vivemos completamente integrados ao Todo, em alegria plena e ininterrupta, em liberdade plena e ilimitada, em amor total e incondicional por tudo e todos, em leveza, em graça, em sabedoria? 

Muitos raramente um dia, irão se deparar com "alguém" que viva nesse estado pleno de Graça, primeiro porque é impossível haver "alguém" vivendo desta forma, segundo porque ao encontrar "alguém" vivendo nesse estado, além de todos os estados, e puder assim permanecer ao lado, junto deste "alguém" perceberá algo surpreendente: "o você que você acredita ser não existe, e o você que é você é o todo, é Deus, é este pleno estado de Graça."

E eu vos digo, Marcos Gualberto é este "alguém" que não é um "alguém". Que não conhece mais ansiedade, ciúmes, inveja, possessividade, sofrimento, e todas as mazelas mentais, emocionais conhecidas, que não sofre nenhum abalo, diante de qualquer acontecimento, fato, situação que a vida possa lhe apresentar momento a momento. 

No seu dia a dia está presente simplesmente a vida comum, vivendo como cada um de nós, mas na completa ausência de sofrimento, ele faz compras, vai ao mercado, joga videogame, gosta de peixe, de achocolatado, de sorvete, é muito amável e ama profundamente estar em Satsang compartilhando desta alegria, deste amor, desta vivência direta.

Encontrá-lo e permitir-se vivenciar um trabalho junto do Marcos é uma Graça Divina, um presente incalculável e imensurável da existência, da vida, dando-se, doando-se, derramando-se sobre si mesma.

Como eu o encontrei?

Desde criança estive profundamente ligado a esta auto-observação de si mesmo, desde a mais tenra infância vivi experiências que me apontavam para um estado além de todos os estados, que me apontavam para um vida plena, real, além de tudo aquilo que me era apresentado por meus pais, por todos a minha volta, no entanto, nenhuma experiência extraordinária.

Com o passar dos anos e o distanciar-se da primeira infância, pareci me afastar desta naturalidade presente e "como todos" passei a me identificar completamente com o corpo, com o nome, com uma história pessoal, vivendo esta aparente vida separada da própria vida, sofrendo enormes dificuldades para atender aquilo que o mundo parecia exigir de mim, uma constante luta por adaptar-se a um sistema tal como me foi apresentado. Eu estava cheio de sonhos, desejos e ambições. 

Vivendo em conflitos contínuos, diagnosticado com transtorno bipolar, na época chamada de "psicose maníaco depressiva". Sofrendo e na busca por "solução", por respostas, por explicações, pareci me tornar um "buscador espiritual". Foi quando o sofrimento pareceu aumentar ainda mais, porque se antes, era só e simplesmente um sofrimento, uma dificuldade, passou a ser um sofrimento filosófico, cármico, algo real que precisava ser superado, destruído, ou seja, aumentaram-se os conflitos, as divisões e contradições internas, a tensão entre aquilo que eu parecia ser num determinado momento e a presença de um ideal do que eu deveria me tornar, através de reforma íntima, de práticas, e ser realmente um "homem bom" para agradar a mim mesmo e aos outros, para me tornar especial e assim poder "ajudar aos demais". No fundo apenas preocupado em se afirmar como "alguém".

Esta tensão não poderia ser suportada por muito tempo, diversas válvulas de escapes estavam presentes, como forma de tentar aliviar o acúmulo dessas tensões, entre elas: busca por um conjugue ideal, busca por romance, desejo desenfreado por sexo, uso de bebida alcoólica em excesso, comida em excesso, dormir em excesso, e tentativas de fugas mais sutis, como leitura, espiritualidade, idealismo político e social, etc... 

Sem dar-se conta que, desde os mais sutis recursos, até os mais rudes, todos sem excessões, eram meios de fuga, era uma forma de não olhar verdadeiramente "para dentro", encarar o vazio e investigar destemidamente o que eu e sou de fato.

Intuitivamente e sentido a Presença do Mestre desde criança, num determinado momento a fuga começou a se mostrar, os excessos começaram a diminuir, os conflitos se tornaram mais amenos, e naturalmente comecei a se voltar mais para si, sentia a necessidade de deixar de ler, de deixar de buscar qualquer coisa de forma desenfreada e desesperada, de abandonar todas as teorias, todas as práticas espirituais, era claro, nítido na presença do sofrimento que nada dessas práticas, dessas teorias, dessas ideias realmente funcionavam, "eu" precisava de um outro jeito.

Foi quando me deparei com um livro que tornou-se o último livro que eu viria a ler e a me dedicar ao seu estudo, este livro se chama "Um Curso em Milagres". 

Basicamente o ponto central desta obra é conduzir o seu estudante a uma abertura tal em si mesmo, capaz de lhe permitir viver o encontro santo através do instante santo, que seria o momento em que dois indivíduos vindo a encontrarem-se em completa ausência de defesas e julgamentos (nem que por um instante), recebem a graça da Presença que revela por meio de um milagre (o milagre em Um Curso em Milagres não é um acontecimento mirabolante, mas o desfazer de todas as ilusões, e da ilusão central que é a crença da existência numa entidade separada do todo), e através deste encontro surge o percebimento de que ambos não existem separados, mas são uma só "mente", um só Ser, uma só realidade presente. 

Para isto entreguei "meus esforços" na busca por este encontro santo. Alguns anos depois lendo, estudando e me dedicando a um Curso em Milagres, percebi que algo ainda estava faltando, não estava sendo suficiente a "minha" entrega a tudo e a todos que surgiam a "minha" volta, algum elemento ainda estava ausente ali. Apesar de não ter crescido dentro de uma família que me trouxe uma formação religiosa, no que concerne a "religião e a espiritualidade", "meus" pais me deixaram completamente livres deste condicionamento, usei o recurso que, quando todos os recursos parecem se esgotar, muitos de nós procuramos: a oração.

O Curso em Milagres dizia que orar pedindo aquilo que já é a vontade de Deus é uma das mais poderosas ferramentas para acessar a realidade, e que a vontade de Deus não espera no tempo para se concretizar. Pois bem, eu orei, me voltei a Deus como Pai, como a Divina Mãe, e lhe disse: 

Sinto que a minha busca é sincera, é de coração, deixei "vida profissional", "busca amorosa", deixei tudo para me voltar a esta busca, tenho me entregue a tudo e a todos e sinto de alguma forma que estou no caminho, no entanto, sinto que está faltando algo, não tenho vivido este "encontro santo". E em seguida eu pedi: "Quem dera eu pudesse estar com "alguém" que já houvesse encontrado isto que busco, que já tenha realizado Deus em si, que já não mais viva no emaranhado de ilusões, de sofrimentos, de dificuldades, que já tenha se libertado completamente das amarras do "ego". E conclui dizendo o motivo para o qual eu pedia por aquele encontro: "Quem dera através deste encontro eu possa vivenciar o instante santo?".

Feito o pedido em oração, se passaram cerca de duas horas, como o original do livro Um Curso em Milagres é em língua inglesa, na época eu estava me dedicando a este idioma e usava um programa na internet chamado Paltalk Senses, uma plataforma de chat on-line com salas temáticas que permitem transmitir texto, voz e imagem, para interagir com outros estudantes deste idioma em diversos países, assim como participar de uma sala de estudantes do Curso em Milagres nos Estados Unidos, país de origem desta obra. Neste dia no entanto, intuitivamente senti que eu deveria acessar o menu correspondente as salas registradas no Brasil, e não havia motivo para aquilo porque eu já conhecia as salas existentes ali e nenhuma delas era do "meu" interesse. 

No entanto, eu ali estava, e observando o título das salas me deparei com "satsang marcos gualberto", na época "eu possuía" uma ideia muito vaga do que viria a ser um Satsang, nunca havia participado de algum, não conhecia nem um mestre advaita, nunca havia estudado sobre o advaita-vedanta, apenas havia tido contato a cerca de dois anos anteriores do encontro com o Marcos, com uma foto de Ramana Maharshi, aquela foto me chamou a atenção, senti ali a Presença de Ramana e senti intuitivamente que ele me dizia: "Me espere, não se preocupe, eu irei até você." Diante daquilo não busquei estudar e nem obter informações para saber quem era aquele "senhor" naquela foto. 

Pois bem, eu entrei naquela sala, comecei a ouvir o Marcos e a sua fala, logo de cara foi um grande impacto, sentia que aquelas palavras ditas ali naquele instante, não eram palavras externas, que surgissem de uma fonte separada de mim mesmo, intuitivamente ouvia uma voz me dizer: É Ele! É Ele! É Ele que você pediu em oração para encontrar

Sim, duas horas após orar pedindo por aquele encontro, o pedido estava atendido e ali consumado, e ao mesmo tempo o instante santo aconteceu, e o percebimento de que o instante santo de fato estava acontecendo já há muito, já havia acontecido muitas outras vezes, e mais, era um "instante contínuo", mas a mente não havia permitido até então esta clareza. 

Foi assim que eu encontrei ao Marcos Gualberto, foi assim que a busca terminou e foi assim que o Eu Sou puro e simplesmente assumiu o lugar que nunca deixou de ser Dele, neste que eu acreditava existir como criatura separada, única e especial, "tornando-me" simplesmente aquilo que sou e nunca deixei de ser, no entanto, sem nada saber a respeito do "eu sou" ou sobre qualquer outra coisa e sem a necessidade de saber, apenas sou, nem isto e nem aquilo, apenas ser de forma simples e direta, sem "alguém" no controle, sem "alguém" na direção, "alguém" este que definitivamente nunca existiu.


Qual é a proposta do trabalho do Marcos em Satsang?

Em primeiro lugar, não é difícil observar que o Marcos não está identificado com o papel de "Mestre" há liberdade para que todos aqueles que se aproximam vê-lo da melhor forma que podem concebê-lo, Alguns o veem como um Mestre, outros como um grande amigo, como um grande irmão, como aquele que está aqui para lhe auxiliar a ver aquilo, que já se encontra presente aqui e agora de forma direta. O trabalho não possui formalidades comuns àqueles que se colocam como "mestres" que precisam serem cultuados e adorados para que o trabalho aconteça", não há cânticos, não há cerimoniais, pujas, técnicas de meditação, formalidades, nada disso, tudo é muito simples e direto. 

Também é fácil observar que o Marcos não vê este trabalho como um trabalho seu, ele sempre nos disse que este é um trabalho da Graça, um trabalho desta Presença que tudo faz, desta Única Vontade, e para onde ela apontar e nos conduzir, é para onde iremos, sem nenhuma expectativa, sem nenhuma ideia de alguém no controle realizando este trabalho, sem se apoiar na ideia de motivos, de razões místicas, divinas, ou de propósitos mirabolantes, sem a crença de que este trabalho está aqui para salvar a humanidade. É a mesma compreensão que Cristo nos evangelhos compartilha: "As obras que faço, não seu eu quem as faz, mas o Pai que está em mim é quem realiza a obra".

A proposta do Satsang com Marcos Gualberto é: "Fiquem Perto". 

A fala, os encontros, os retiros, os intensivos, os encontros pela internet, são todos meios para que possamos permanecer próximos, estar próximo daquele que não mais se encontra identificado com a "limitação da mente e da aparente estrutura humana" ajuda-nos a ver por nós mesmos, que estamos além de todo sofrimento, de toda ilusão, o trabalho acontece na Presença do Marcos, um trabalho de profunda investigação de todos os truques da mente egóica, que através de uma cortina encobre nossa natureza essencial, um trabalho de meditação, meditação não como técnica, mas como encontro com nossa real natureza, com o nosso estado natural.

Hoje, aqui neste organismo que aparentemente vós escreve essas linhas, esta meditação está presente a todo o tempo, que é a presença deste silêncio, desta paz, emanada não de algum ponto fora de mim mesmo, mas do próprio ser, como diz o Marcos: "Meditação é o seu estado natural", e dentro do trabalho de Satsang isto é visto e vivido, não compreendido intelectualmente. 

Trata-se de um trabalho de entrega a sua real natureza, não é entrega a um mestre, a uma pessoa, a alguém, não é a entrega a uma instituição, a uma crença ou a algum ideal, é uma entrega a si mesmo, no abandonar-se toda a busca "fora" e olhar para si, e perceber que tudo aquilo que nos é necessário já se encontra aqui e agora, nisso que somos, em nós mesmos, a chave é você, o trabalho com o Marcos é uma facilitação, não para aprender qualquer coisa, no Satsang não há ensino, e o Marcos não tem nada para te ensinar, o que esta presente é apenas esta facilitação, que permite ver, sentir, de forma direta e por si mesmo.

Há uma presença profundamente amorosa no Marcos, esta atmosfera de amor profundo e sem acepções é altamente sufocante para a mente egóica, alguns permanecem e vivem a Graça desta Presença, outros se afastam com medo de que este amor possa-os matar. 

Este escrito, este relato é um testemunho sobre este trabalho, sobre este encontro, e é um convite, a todos os estudantes de Um Curso em Milagres (já que o curso é apenas um meio de recordar-se de que somos e estar diante daquele que recordou-se, é um estar diante da mesma fonte que originou o curso), é um convite a todos aqueles que buscam a "Deus" e sentem que não o tem encontrado em igrejas, seitas e religiões... É um convite para aqueles que sentem por intuição que a chave e a resposta está em si mesmo, mas por algum motivo não conseguem acessar isto... É um convite para todos aqueles que percebem o quanto a mente é uma auto-sabotagem sutil e constante, que impede-nos de ser, quem nós verdadeiramente somos, além de todos os condicionamentos, todo o adestramento social, todo o medo presente, este chamado é para vocês. Conheçam o trabalho, conheçam o Satsang. Venham estar juntos, será uma alegria tê-los conosco!


Tom de Aquino

Fritjof Capra aponta Brasil como possível líder para um futuro sustentável



Físico e teórico do pensamento sistêmico cobra uma ‘alfabetização ecológica’ e destaca que a sociedade precisa urgentemente lidar com as desigualdades para alcançar um crescimento qualitativo.


Reconhecido internacionalmente por livros como ‘O Tao da Física’ e ‘Teia da Vida’, o físico Fritjof Capra esteve no Brasil na semana passada e surpreendeu a plateia do ‘10° Congresso Brasileiro de Direito Socioambiental e Sustentabilidade’ ao colocar o país como um dos possíveis líderes para o caminho que segue a um crescimento qualitativo – ao invés do quantitativo que temos vivido.

O físico abriu a sua fala buscando esclarecer o que seria o conceito de sustentabilidade, que tem assumido diversas formas desde a sua concepção na década de 1980.

“Não é o que os economistas gostam de falar – sobre crescimento econômico e vantagens competitivas”, colocou. “Uma comunidade sustentável deve ser desenvolvida de forma que a nossa forma de viver, nossos negócios, nossa economia, tecnologias, e estruturas físicas não interfiram na capacidade da natureza de sustentar a vida. Devemos respeitar e viver de acordo com isto”.

Os primeiros passos para tal seriam entender como a natureza sustenta a vida, isso envolve toda uma nova compreensão ecológica, um pensamento sistêmico, explica Capra.

“Não podemos mais enxergar o universo como uma máquina, composta de blocos elementares. Descobrimos que o mundo material é principalmente uma rede inseparável de relações. O planeta é um sistema vivo e auto-regulado. A evolução não é uma luta competitiva pela existência, mas sim uma dança cooperativa.”

Nesta nova ênfase na complexidade, as redes são o padrão básico da organização dos seres vivos. Os ecossistemas são uma rede de organismos, por exemplo. Para compreender as redes, Capra explica que precisamos pensar em termos de relacionamentos, de padrões.

“Isto é o pensamento sistêmico. É compreender que a natureza tem sustentado a ‘Teia da Vida’ por milhões de anos e que para isto são necessários ecossistemas e não apenas organismos ou espécies.”

Alfabetização Ecológica

Nas próximas décadas, a sobrevivência da humanidade vai depender da nossa capacidade de entender os princípios básicos da ecologia e de viver de acordo com eles, ressalta o físico. Isso significa que a alfabetização ecológica precisa se tornar um campo crítico para políticos, lideres empresariais e profissionais de todas as áreas, além de ser a parte mais importante da educação em todos os níveis.

“Quando pensamos sobre os maiores problemas, o surpreendente é que estão interconectados. Não temos apenas uma crise econômica, ou ecológica, ou de pobreza, ou financeira, elas estão todas conectadas. Esses problemas não podem ser compreendidos isoladamente. São sistêmicos, interdependentes e precisam de soluções correspondentes”.

Capra elogiou o Programa Água Boa, desenvolvido pela Itaipu Energia, classificando a iniciativa como um “exemplo muito bonito de solução sistêmica”.

Ilusão do crescimento infinito

“Analisando os problemas atuais dessa forma sistêmica, podemos constatar que a questão subjacente é a ilusão que o crescimento infinito pode continuar em um planeta finito. Os economistas, com o seu pensamento linear, parecem não entender”, lamenta o físico.

“Nosso sistema econômico é movido pela ganância e pelo materialismo, pensando que não há limites. Isto resulta nas diferenças imensas entre o preço de mercado e o verdadeiro custo, como é visto com os combustíveis fósseis. Ouvimos sobre o gás de xisto e o novo processo de ‘fracking’ – ouvimos que é muito barato, mas o fato é que devasta o ambiente e é tóxico para as pessoas (..) O pensamento linear leva a concluir que o xisto é muito barato, mas se pensarmos nisso sistemicamente, ele é muito caro e perigoso”, explica Capra.

“No centro da economia global está uma rede de crescimento financeiro, criado sem qualquer enquadramento ético. Hoje, se você é especulador pode investir em qualquer projeto ao redor do mundo e computadores levam uma fração de segundo para movimentar dinheiro. O único critério é lucrar (..) não há critérios éticos envolvidos nesta economia global. Exclusão social e desigualdades são elementos inerentes desta globalização.”

O crescimento indiscriminado é na verdade “uma doença”, nota, completando que o desafio elementar é como mudar do crescimento ilimitado para um sistema ecologicamente sustentável e socialmente justo.

Crescimento qualitativo

Para Capra, o crescimento zero não é a resposta, pois crescer é uma característica central da vida.

“Na natureza o crescimento não é linear e ilimitado. Em um ecossistema, uns crescem mais, outros declinam e assim reciclam seus componentes, que se tornam recursos para um novo crescimento. Há um crescimento multifacetado, qualitativo, que contrasta com o quantitativo pregado atualmente por economistas”.

Assim como outros grandes pensadores, Capra questiona o uso preponderante Produto Interno Bruto (PIB) para medir a saúde dos países.

Custos sociais como acidentes, guerras, mitigação e cuidados com a saúde são adicionados e aumentam o PIB e o fato que o seu crescimento pode ser patológico raramente é citado por economistas, alerta.

“Esse reconhecimento da falácia do crescimento econômico é essencial. É o primeiro passo para superar a atual crise econômica global (..) Grande parte do que se chama de ‘crescimento’ é lixo e destruição.”

O verdadeiro crescimento, explica, melhora a qualidade de vida e aumenta a sua complexidade, sofisticação e maturidade.

“Isto faz parte de uma mudança de paradigma de quantidade para qualidade. O crescimento qualitativo é consistente com a nova concepção científica da vida”, explica. “Não se pode medir a natureza de um sistema complexo, como os ecossistemas, a sociedade ou a economia, em termos puramente quantitativos.”

Para Capra, a qualidade não pode ser agregada em um único número. “Então, como seria possível promover o crescimento qualitativo? Definitivamente não através do PIB”.

“Precisamos distinguir o bom do ruim para que os recursos naturais presos a processos ruins possam ser direcionados para os eficientes e sustentáveis”, comentou. “O crescimento ruim é aquele que gera externalidades ambientais, econômicas e sociais e o bom envolve processos produtivos mais eficientes, que usam energias renováveis, têm emissões zero, reciclam, restauram ecossistemas e a apoiam as comunidades locais.”

Construindo a qualidade

Entender as conectividades dos nossos problemas globais e reconhecer soluções sistêmicas é a primeira lição para construir a qualidade que precisamos hoje para a liderança global, segundo Capra. Outra lição seria a construção de um ‘senso moral’.

A perspectiva sistêmica mostra que dois problemas urgentes, a desigualdade econômica e as mudanças climáticas, resultam da estrutura econômica e corporativa global que não têm ‘senso moral’, nota.

Um exemplo disso são as conclusões de um estudo de 2012 apontando que os ricos globais somam juntos até US$ 32 trilhões (Leia a reportagem do The Guardian). “Se eles tivessem um senso moral e pagassem seus impostos não haveria mais crise. Haveria dinheiro suficiente”, ressaltou Capra.

Outro exemplo citado pelo físico se volta para as conclusões inequívocas da ciência sobre as mudanças climáticas e a necessidade das empresas que exploram combustíveis fósseis de abandonar os planos de exploração de 80% das reservas contabilizadas em seus ativos (Leia a nossa reportagem sobre a Bolha de Carbono)

“Elas estão dispostas a fazer isso? As empresas precisam se perguntar: o meu modelo de negócios inclui a destruição do planeta? Ou tem uma alternativa moral?”

Liderança e o Brasil

“Hoje temos conhecimento e tecnologia para a transição para um futuro sustentável, não precisamos dos perigos da energia nuclear e nem de gás de xisto. Podemos ir além dos combustíveis fosseis”, defendeu Capra.


“Precisamos de vontade política e liderança (..) O que em tempos estáveis é diferente do que em tempos de crise ambiental e econômica, que é o que temos hoje. A maioria dos problemas são globais, apesar da demanda por lideranças em nível regional e corporativo, precisamos também de lideranças em nível global”.

Capra ressalta que na atual crise global, o Brasil e a Alemanha estão melhor posicionados do que a maioria dos países.

Ele comentou que nos Estados Unidos, Barack Obama foi eleito com grandes esperanças, mas sucumbiu ao sistema corrupto, e no fim, a riqueza dos pobres está sendo sistematicamente repassada para os ricos. Porém, ele acredita que no Brasil a situação está melhor, apesar da população não estar satisfeita.

“Programas como o Bolsa Família e o Fome Zero reduziram a desigualdade econômica ao retirar milhões de pessoas da pobreza, mas mesmo assim muitos problemas de desigualdade e corrupção permanecem e ainda há muito trabalho a ser feito.”

“O Brasil pode ser um líder global”, ressaltou após assistir apresentações sobre o Programa Água Boa e sobre as ações de sustentabilidade previstas para a Copa de 2014. “Estes são ótimos exemplos de liderança global que precisam ser divulgados. O que pode acontecer no ano que vem, já que todo o mundo vai olhar para o Brasil”

Por: Fernanda B. Müller
Fonte: Instituto Carbono Brasil
Crédito imagem: Fabricio Basilio