segunda-feira, 22 de abril de 2013

PARA REFLETIR NO DIA DO PLANETA TERRA


Pintura em tela de Catherine Alexandre - título: Gaia

Estamos todos no mesmo barco civilizatório e existencial, ainda que uns viajem de primeira classe e outros de segunda ou terceira. Não devemos esquecer que para a natureza a extinção é a regra. As espécies que existem hoje representam um pouco mais que 1 por cento das que já existiram. 
Se nosso barco civilizatório continuar na mesma rota, corremos sérios riscos de desaparecer enquanto espécie humana, independente de classe, cor, sexo, idade, condição social ou tamanho da conta bancária. A crise socioambiental não é um problema do Planeta Terra, da natureza, ou do meio ambiente. Eles existem a bilhões de anos e depois que desaparecermos, continuaram existindo outros bilhões de anos. A natureza nunca dependeu de nós.
Entretanto, se somos o problema, também podemos ser a solução, ou fazer parte dela. Claro, se formos capazes de repensar nossas ideias de mundo, o papel que nos atribuímos na Criação, rever nossas falsas ideias de superioridade. 
Não será nada fácil, pois significa compreender que, ao contrário de como nos comportamos hoje, não somos os donos da natureza ou do Planeta. Não deveríamos nos atribuir direitos que não temos de subjugar as demais espécies a ponto de decidir quem vive e quem morre.
A grande revolução para a sustentabilidade não é tecnológica ou de governança. É no campo espiritual, da ética, da moral. E para mudarmos precisaremos de fé e de motivação, para romper com a inércia e ver que, apesar dos sinais tão desfavoráveis, ainda temos tempo.
Entretanto, a realidade não é em preto e branco. Não somos ou uma coisa ou outra. Ou arrogantes, egoístas, violentos, mentirosos, individualistas, gananciosos, ou solidários, generosos, pacíficos, amorosos. Costumamos ser tudo isso ao mesmo tempo e mais um pouco. 
A realidade está muito além de 50 tons de cinza. E é aqui que a informação – e os que trabalham com ela – ganha importância estratégica, pois não há escolhas entre o joio e o trigo. Tanto do lado dos que defendem a natureza quanto do lado dos que defendem o progresso a qualquer preço. 
A informação de que a água pode acabar – ou mudar de lugar –, por exemplo, pode apenas fazer aumentar sistemas de comando e controle sobre este recurso, ao contrário de aumentar a solidariedade para compartilhar um recurso que se torna escasso ou muda de lugar. Muitos veem na crise socioambiental apenas oportunidade para aumentar lucros e poder.
Não existe uma palavra mágica, um formato genial ou uma ideia revolucionária capaz de convencer quem não quer ser convencido. A sociedade precisa avançar, apesar desses. A sociedade é maior do que o mercado, e a natureza tem direitos em si, e não apenas quando nos presta algum serviço ambiental.

 
O Planeta é um só, único e raro e a vida, a nossa vida e a de todas as demais espécies, um milagre, incompreensível, profundo, extraordinário. Precisamos remover qualquer coisa que nos impeça de aproveitar cada momento precioso deste milagre. A vida é uma só, e o Planeta Terra também.
Artigo de: Vilmar Sidnei Demamam Berna
 (É escritor e jornalista, fundou a Rede Brasileira de Informação Ambiental (REBIA) e edita desde janeiro de 1996 a Revista do Meio Ambiente (que substituiu o Jornal do Meio Ambiente) e o Portal do Meio Ambiente. Em 1999, recebeu no Japão o Prêmio Global 500 da ONU Para o Meio Ambiente e, em 2003, o Prêmio Verde das Américas)