quinta-feira, 8 de novembro de 2012

ANÁLISE DO PERFIL TAROLÓGICO

IMAGEM GOOGLE


O Tarô como instrumento ao ser utilizado como uma ferramenta para o autoconhecimento, é um dos mais antigos métodos de autoanálise, autoconhecimento e autoajuda que é realizado através da tradução do significado simbólico das lâminas/cartas ou mistérios/arquétipos do Tarô
 que por sua vez representam a fantástica relação Deus/Homem/Universo.

Um perfil tarológico encerra em seu contexto filosófico e metafísico todas as possíveis e imagináveis situações que um homem pode aspirar, conquistar, vivenciar e/ou concretizar no seu processo normal de existência.

Embora tenha sido muito distorcida, a função oracular do Tarô é de conteúdo absolutamente divinatório, proporcionando o resgate de toda uma unidade perdida (já que o homem é um ser tão fragmentado) e da própria partícula de divindade existente em cada criatura neste planeta, não sendo o Tarô, na concepção da Tradição, de forma alguma um instrumento para praticar a adivinhação.

A denominação Perfil Tarológico foi criada e cunhada pela taróloga Helena Rêgo (que também a denomina de a grande mandala da existencialidade porque através de uma meditação profunda, ele pode perfeitamente revelar o que existe de mais sagrado : o lado oculto de um Ser), há mais de vinte anos consultando as fontes da Tradição e suas próprias experiências a nível do próprio autoconhecimento com exercícios através do Tarô. Seguindo a concepção de sua estruturadora ele deve servir como base para profundas reflexões e deliberações sobre a performance existencial.

Ao estudar e meditar sobre o próprio perfil a pessoa obtém a oportunidade  de reformular posturas, princípios, valores e dogmas arraigados, ao mesmo tempo despertar coisas adormecidas enviando reflexos  positivos ao inconsciente, nada determinando, apenas sugerindo o correto direcionamento dos potenciais e habilidades latentes, através do livre-arbítrio e da sabedoria inerente a cada ser humano, realizando um verdadeiro sincronismo com os mais altos ideais espirituais e assim poder alcançar a harmonia interior.

Através deste trabalho visando o autoconhecimento a pessoa poderá realizar um "memorável encontro consigo mesmo".

E com a ajuda desta ferramenta recém adquirida poderá, possivelmente, cumprir o seu Plano Divino para esta existência.

Como tive a oportunidade de estudar com Helena Rêgo e Neusa Dutra este maravilhoso instrumento que é o Tarô e o venho utilizando para o meu próprio amadurecimento psicológico/emocional com bons resultados, resolvi compartilhar com quem desejar, este método do Perfil Tarológico para que possam aplicá-lo às suas próprias realidades e realizar um profícuo trabalho de autoconhecimento.

Em meu próprio trabalho eu utilizei não apenas o Perfil Tarológico  mas também o conhecimento psicológico oriundo das palestras do Guia de Eva Pierrakos, bem como outras leituras relacionadas ao tema, venho conseguindo um resultado satisfatório. Entretanto vale salientar que este trabalho de penetrar até as profundas raízes do nosso Ser nunca termina porque nossa evolução está sempre recomeçando, em um novo nível, porém.

Assim sendo, quem desejar iniciar este trabalho de aprofundamento do conhecimento de si mesmo, poderá enviar por e-mail o seu nome de batismo completo e dia, mês, ano e hora de nascimento que eu farei, e enviarei por e-mail a análise do seu Perfil Tarológico sem custo maior que a sua própria dedicação ao trabalho consigo mesmo.

E, finalmente, coloco-me também à disposição para um acompanhamento pós leitura do perfil, para algum esclarecimento que se faça necessário. Numa consulta presencial, a entrega e explanação sobre o perfil já compreende estes esclarecimentos. Como estou oferecendo esta oportunidade via internet, deverá haver uma adaptação para que a análise tarológica seja mais frutífera.

SUPERANDO O EGO





QUANDO OBSERVAMOS O EGO, ESTAMOS COMEÇANDO A SUPERÁ-LO

É errado então termos orgulho dos nossos bens ou ficarmos ressentidos com as pessoas que têm mais do que nós? De maneira nenhuma. 

Esse sentimento de orgulho, de precisar aparecer, o engrandecimento aparente do eu por meio de "mais do que" e sua diminuição por meio de "menos do que" não está certo nem errado - isso é o ego.

O ego não está errado, ele simplesmente não tem consciência disso. Quando o observamos em nós mesmos, estamos começando a superá-lo.

Não devemos levá-lo muito a sério. Sempre que você detectar um comportamento egóico em si mesmo, sorria. Se possível, procure até mesmo dar uma risada. 

Como a humanidade pôde aceitar isso por tanto tempo? Acima de tudo, saiba que o ego não é pessoal. Ele não é quem você é. Se você o considerar um problema particular, isso é apenas mais ego.

Fonte : O despertar de uma nova consciência, p33 de Eckhart Tolle

O MANTRA OM




Aforismos de Patanjali

Aforismo 27. Seu nome é OM.
Aforismo 28. A repetição do seu nome deve ser feita com reflexão sobre seu significado. 


Om é a primeira letra do alfabeto sânscrito.  A sua pronúncia envolve três sons, o de um longo au, o de um curto,  e o da conclusão, a consoante labial m.  A essa triplicidade se atribui um profundo significado místico. Ela significa, como realidades diferentes porém unidas,  Brahma, Vishnu e Shiva, ou criação, preservação e destruição. 

Vista como um todo, a letra implica “o Universo”. Aplicada ao homem, a se refere à centelha de Espírito Divino presente na humanidade;  u, ao  corpo através do qual o Espírito se manifesta; e m, à morte do corpo, ou sua dissolução em seus elementos materiais.


 Com relação aos ciclos que afetam qualquer sistema planetário, o OM implica o Espírito, representado por au como a base dos mundos manifestados; o corpo ou matéria manifestada é representado por u, através do qual trabalha o espírito; e, representado pelo m, “a conclusão ou o retorno do som à sua fonte”, o Pralaya ou a Dissolução dos mundos.


 No ocultismo prático, através dessa palavra é feita referência ao Som, ou Vibração, em todas as suas propriedades e seus efeitos, e esse é um dos maiores poderes da natureza. No uso dessa palavra como uma prática, através dos pulmões e da garganta, produz-se um efeito definido sobre o corpo humano.


 No Aforismo 28 esse nome é usado no sentido mais elevado, o que inclui necessariamente todos os sentidos inferiores. Toda pronúncia da palavra Om, como uma prática, tem uma referência potencial à separação consciente da alma em relação ao corpo.


Fonte: www.filosofiaesoterica.com

O CAMINHO DO IOGA


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O caminho do ioga consiste em desatar os nós inerentes à condição humana, algo que definirei aqui, de forma extremamente simplificada, como a desoladora incapacidade de sustentar o contentamento. 

 Ao longo dos séculos, diferentes escolas de pensamento encontraram explicações diferentes para o estado de aparente falha inerente do ser humano. 

Os taoistas chamam-no de desequilíbrio; o budismo, de ignorância; o islamismo põe a culpa de nosso pesar na rebelião contra Deus; e a tradição judaico-cristã atribui todo o nosso sofrimento ao pecado original. 

Os freudianos afirmam que a infelicidade é o resultado inevitável de um embate entre nossas pulsões naturais e as necessidades da civilização. (como explica minha amiga psicóloga. Déborah: "O desejo  é uma falha de design") 


Os iogues, no entanto, dizem que o descontentamento humano é um simples caso de identidade equivocada. 

Nós somos infelizes porque achamos que somos meros indivíduos, sozinhos com nossos medos e falhas, com nosso ressentimento e nossa mortalidade.  

Acreditamos equivocadamente que nossos pequenos e limitados egos constituem toda a nossa natureza. Não conseguimos reconhecer nossa natureza divina mais profunda. 

Não percebemos que em algum lugar dentro de todos nós, existe um Eu supremo que está eternamente em paz. Esse Eu supremo é a nossa verdadeira identidade universal e divina. 

Se você não perceber  essa verdade, dizem os iogues, estará sempre desesperado, ideia expressa de forma inteligente na seguinte frase irritada do filósofo estoico grego Epíteto : "Você leva  Deus dentro de si, seu pobre desgraçado, e não sabe disso ".

Ioga  é o esforço que uma pessoa faz para vivenciar pessoalmente a sua divindade, e em seguida para sustentar essa experiência para sempre. 

Ioga é domínio de si e esforço dedicado a desviar a atenção de reflexões intermináveis sobre o passado e preocupações infindáveis com o futuro para, em vez disso, conseguir buscar um lugar de eterna presença, de onde possa olhar com tranquilidade para si mesmo e para o mundo ao redor. 


Somente dessa perspectiva de equilíbrio da mente é que a verdadeira natureza do mundo (e de você próprio) lhe será revelada.

Os verdadeiros iogues, de sua posição de equanimidade, veem este mundo todo como a mesma manifestação da energia criativa de Deus - homens,  mulheres, crianças, nabos, piolhos, corais: tudo isso é Deus disfarçado. 

Mas os iogues acreditam que a vida humana é uma oportunidade muito especial, pois somente na forma humana, e somente com uma mente humana, é que a percepção de Deus pode ocorrer. 


Os nabos, os piolhos, os corais - eles nunca têm a oportunidade de descobrir quem realmente são. Mas nós temos essa oportunidade.

"Nosso propósito nesta vida", portanto, escreveu Santo Agostinho, ele próprio um pouco iogue, "é recuperar a saúde do olho do coração através do qual se pode ver Deus".

Fonte  : Comer Rezar Amar (Elizabeth Gilbert) p. 129/131 e Google Images

OS SÍMBOLOS E OS ARQUÉTIPOS


A MÃE




O símbolo é a pegada (ou o gesto) visível de uma realidade invisível ou oculta. É a manifestação de uma ideia que assim se expressa a nível sensível e se faz apta para o entendimento. Num sentido amplo, toda a manifestação toda a criação, é simbólica, como cada gesto é um rito, seja isto ou não evidente, pois constitui um sinal significativo.

O símbolo nomeia as coisas e é uno com elas, não as interpreta nem define. Em verdade, a definição é ocidental e moderna )ainda que nasça na Grécia clássica) e poderia ser considerada com a porta à classificação posterior.

O símbolo não é só visual, pode ser auditivo, como  é o caso do mito e da lenda, ou absolutamente plástico e quase inapreensível como sucede com certas imagens fugazes que, no entanto, marcam-nos. Na época atual, costuma-se-lhe associar mais com o visual, porque a vista fixa e cristaliza imagens em relação com estes momentos históricos de solidificação e anquilosamento mais ligados ao espacial que ao temporal.

O símbolo é intermediário entre duas realidades, uma conhecida e outra desconhecida e, portanto, o veículo na busca do Ser, através do Conhecimento. Os distintos símbolos sagrados das diferentes tradições (e por certo também os símbolos naturais) se entreteçam e se vinculem entre si constituindo uma Via Simbólica para a realização interior a saber: para o Conhecimento, ou seja, o Ser, dada a identidade entre o que o homem é e o que conhece. 

O metafísico, essa região desconhecida e misteriosa, manifesta-se no mundo sensível por intermediação do símbolo. Graças a este, é possível o Conhecimento para o ser humano; imagens e símbolos nos permitem consciência do mundo que nos rodeia, do que este significa e de nós mesmos.

Os símbolos sagrados, revelados, foram depositados em todas as tradições verdadeiras. Os sábios de diferentes povos, por meio da Ciência e da Arte, promoveram sempre o conhecimento desses mundos sutis que os próprios símbolos testemunham. Eles permitem que aquelas realidades superiores toquem nossos sentidos e possibilitem que o homem, a partir desta base sensível, eleve-se a essas regiões que constituem seu aspecto mais interno: seu verdadeiro Ser.



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OS ARQUÉTIPOS


Arquétipo do amante
Arquétipos da juventude : O Amante
Fonte da imagem : http://www.terapiaemdia.com.br/?p=167 



As principais estruturas formadoras de nossa personalidade são os arquétipos. Os arquétipos não possuem conteúdo definido mas funcionam como uma fôrma que dá forma a diversos conteúdos.  Já os símbolos são o modo pelo qual o nosso inconsciente se expressa. Os arquétipos também são considerados como um conjunto de imagens psíquicas do inconsciente coletivo que são patrimônio comum de toda a humanidade. 

Segundo Jung, os principais arquétipos são: a sombra, o velho sábio, a criança, o herói-criança, a mãe, a virgem, a ânima (o feminino do homem), o animus (o masculino da mulher), o paraiso perdido, os irmãos inimigos, o círculo, a rosa, a serpente, Dom Juan, a femme fatale, o mágico, o alquimista.

Arquétipo é uma palavra de origem grega, primeiramente usada por Platão com o significado de "padrões arcaicos" . É uma matriz comportamental herdada por todo ser humano, como arcabouço capaz de selecionar as experiências da vida, os elementos significativos que estejam em sintonia com o processo inato da individuação.

Os arquétipos, verdadeiras potências imateriais, surgem como entidades impalpáveis e incognoscíveis, mas se manifestam por meio de ideias e imagens e vestem-se com as mais distintas roupagens de acordo com as culturas que os representam.

A alma se comunica com a consciência através de uma linguagem simbólica - Jung a chama de linguagem arquetípica e utiliza o termo arquétipo para certas estruturas míticas básicas que são comuns à experiência humana. Os arquétipos de Jung são mais existenciais que transcendentais, são facetas das experiências do dia a dia da condição humana. São formas míticas herdadas coletivamente pela psiquê.

 Ken Wilber entende que as formas míticas (arquétipos de Jung) nada tem a ver com misticismo, com a genuina consciência transcendental. Para este autor, o principal erro de Jung foi não fazer uma distinção entre inconsciente coletivo e o nível  transpessoal (ou místico). No seu entender, as formas míticas coletivas apesar de serem herdadas do inconsciente coletivo isto não significa que elas sejam místicas ou traspessoais.

Os arquétipos de Jung segundo entende Wilber, não pertencem ao nível da consciência espiritual, transcendental, mística, transpessoal - tratam de situações existenciais como vida, morte, mãe, pai, sombra, ego, etc.

No entender de Wilber esta denominação deveria ser reservada para "arquétipos transpessoais" que corresponderiam às formas primordiais do Espírito Intemporal e não  às formas antigas da história temporal. No processo de individuação segundo Jung, é necessário que nos afastemos dos arquétipos, diferenciemo-nos deles, livremo-nos do seu poder.

No que diz respeito aos arquétipos transpessoais devemos nos aproximar deles para transcender a personalidade. Entretanto, o que Jung denomina Self é um arquétipo transpessoal. Wilber relaciona seus arquétipos transpessoais com as primeiras formas do início da involução e os arquétipos junguianos às primeiras formas que surgem no início da evolução. Os arquétipos junguianos (exceto o Self) pertencem ao nível psicológico, descendente.

 O tarô tem a possibilidade de simbolizar amplamente os arquétipos junguianos e, um mergulho no mundo dos "Arcanos" permite espelhar a alma para melhor conhecê-la e assim poder transcende-la.

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De acordo com Ken Wilber, com o qual concordo, o termo arquétipo tem sido utilizado de uma forma inapropriada porque abarca dois conteúdos bem diferentes, um no plano místico e outro no plano mítico. 

Os arquétipos aos quais Jung se reporta deveriam ser denominados de protótipos porque são existenciais e os verdadeiros arquétipos são transpessoais, intemporais. Achei muito interessante transcrever o ensaio de KW sobre os arquétipos justamente para que não haja confusão entre o que é MÍTICO  e o que é MÍSTICO, o que é pessoal, existencial, com o que é transcendental, divinal. 

O arquétipo é a VIDA antes da queda e o protótipo é a manifestação do atemporal no mundo da forma, no mundo da dualidade, em seus primórdios, sendo assim, muito antigos, arcaicos e coletivos, mas não místicos.

Vejamos a explanação que KW faz a este respeito:

"[...] Para os místicos - Shankara, Platão, Agostinho, Eckhart, Garabe Dorge e outros - arquétipos são formas sutís primordiais que aparecem à medida que o mundo se manifesta a partir do Espírito informe e não manifesto. Eles são os padrões sobre os quais os outros padrões de manifestação se baseiam.

Do grego "arche Typon,  padrão original. Formas sutis, transcendentais que são as formas primordiais de manifestação, não importa se a manifestação é física, biológica, mental, etc.

Na maioria das formas de misticismo, esses arquétipos são basicamente padrões radiantes ou pontos de luz, iluminações audíveis, formas e luminosidade brilhantemente coloridas, arco-íris de luz, som e vibração - através dos quais, em manifestação, o material é condensado, se assim podemos nos expressar.

Jung, entretanto, usa o termo para certas estruturas míticas básicas que são comuns à experiência humana: "trickster" (trapaceiro, vigarista, brincalhão), a sombra, o velho sábio, o ego, a persona, a grande mãe, a anima o animus, etc. Eles são  mais existenciais que transcendentais. São simplesmente facetas das experiências comuns do dia-a-dia da condição humana.

Concordo que essas formas míticas são herdadas coletivamente pela psiquê. Também concordo inteiramente com Jung,  que é muito importante chegar a um acordo com estes arquétipos míticos.

Estas formas míticas nada têm a ver com misticismo, com a genuína consciência transcendental.

Em minha opinião, o principal erro de Jung foi confundir coletivo com transpessoal  ( ou místico). Simplesmente porque minha mente herda certas formas coletivas não significa que essas formas são místicas ou transpessoais.

Os arquétipos de Jung, virtualmente nada têm a ver com a genuína consciência espiritual, transcendental, mística, transpessoal. Ao contrário, são formas coletivamente herdadas que distilam alguns dos mais básicos encontros existenciais do dia-a-dia da condição humana - vida, morte, mãe, pai, sombra, ego, etc. Nada místico. Coletivo, sim, transpessoal, não.

O poder dos "arquétipos verdadeiros" os arquétipos transpessoais" provém diretamente do fato de serem as formas primordiais do Espírito intemporal,  o poder dos arquétipos junguianos provém do fato de serem as formas antigas, arcaicas, da história temporal.

Como o próprio jung ressaltou, é necessário afastarmo-nos deles, livrarmo-nos do seu poder. Ele chamou esse processo de individuação. E, novamente  concordo  inteiramente com ele, sobre este ponto. Devemos nos afastar dos arquétipos junguianos.

Mas devemos nos aproximar dos arquétipos verdadeiros, os arquétipos transpessoais, para, em última instância, conseguirmos uma mudança integral de identidade para a forma transpessoal. O único arquétipo junguino que é genuinamente transpessoal é o Self, mas mesmo sua discussão sobre ele, em minha opinião, deixa a desejar pelo fato de jung não enfatizar suficientemente seu essencial caráter não-dual.

(Pincei alguns trechos que me pareceram mais elucidativos para ao que me propuz - conceituar arquétipos - do ensaio de Ken Wilber sobre "Os arquétipos de Jung)

Fonte www.ariray.com.br/textossaladeleitura/03-arquetipos.doc
Ari Ray é o tradutor autorizado das obras do psicólogo e místico Ken Wilber

TAROT COMO INSTRUMENTO SIMBÓLICO DE AUTOCONHECIMENTO

Vídeo sobre o uso simbólico do Tarô como instrumento de autoconhecimento.



CRÉDITO: ANA DE LÚCIA

 Nas minhas pesquisas encontrei este vídeo onde uma taróloga disserta sobre o Tarô como instrumento simbólico de autoconhecimento. Como suas premissas estão de acordo com o uso que tenho feito do Tarô durante alguns anos no meu próprio processo, achei pertinente divulgá-lo.

ARQUÉTIPOS

                       ARQUÉTIPOS            



                  

  

As principais estruturas formadoras de nossa personalidade são os arquétipos. Os arquétipos não possuem conteúdo definido mas funcionam como uma fôrma que dá forma a diversos conteúdos.  Já os símbolos são o modo pelo qual o nosso inconsciente se expressa. Os arquétipos também são considerados como um conjunto de imagens psíquicas do inconsciente coletivo que são patrimônio comum de toda a humanidade. 

Segundo Jung, os principais arquétipos são: a sombra, o velho sábio, a criança, o herói-criança, a mãe, a virgem, a ânima (o feminino do homem), o animus (o masculino da mulher), o paraiso perdido, os irmãos inimigos, o círculo, a rosa, a serpente, Dom Juan, a femme fatale, o mágico, o alquimista.

Arquétipo é uma palavra de origem grega, primeiramente usada por Platão com o significado de "padrões arcaicos" . É uma matriz comportamental herdada por todo ser humano, como arcabouço capaz de selecionar as experiências da vida, os elementos significativos que estejam em sintonia com o processo inato da individuação.

Os arquétipos, verdadeiras potências imateriais, surgem como entidades impalpáveis e incognoscíveis, mas se manifestam por meio de ideias e imagens e vestem-se com as mais distintas roupagens de acordo com as culturas que os representam.

A alma se comunica com a consciência através de uma linguagem simbólica - Jung a chama de linguagem arquetípica e utiliza o termo arquétipo para certas estruturas míticas básicas que são comuns à experiência humana. Os arquétipos de Jung são mais existenciais que transcendentais, são facetas das experiências do dia a dia da condição humana. São formas míticas herdadas coletivamente pela psiquê.

 Ken Wilber entende que as formas míticas (arquétipos de Jung) nada tem a ver com misticismo, com a genuina consciência transcendental. Para este autor, o principal erro de Jung foi não fazer uma distinção entre inconsciente coletivo e o nível  transpessoal (ou místico). No seu entender, as formas míticas coletivas apesar de serem herdadas do inconsciente coletivo isto não significa que elas sejam místicas ou traspessoais.

Os arquétipos de Jung segundo entende Wilber, não pertencem ao nível da consciência espiritual, transcendental, mística, transpessoal - tratam de situações existenciais como vida, morte, mãe, pai, sombra, ego, etc.

No entender de Wilber esta denominação deveria ser reservada para "arquétipos transpessoais" que corresponderiam às formas primordiais do Espírito Intemporal e não  às formas antigas da história temporal. No processo de individuação segundo Jung, é necessário que nos afastemos dos arquétipos, diferenciemo-nos deles, livremo-nos do seu poder.

No que diz respeito aos arquétipos transpessoais devemos nos aproximar deles para transcender a personalidade. Entretanto, o que Jung denomina Self é um arquétipo transpessoal. Wilber relaciona seus arquétipos transpessoais com as primeiras formas do início da involução e os arquétipos junguianos às primeiras formas que surgem no início da evolução. Os arquétipos junguianos (exceto o Self) pertencem ao nível psicológico, descendente.

 O tarô tem a possibilidade de simbolizar amplamente os arquétipos junguianos e, um mergulho no mundo dos "Arcanos" permite espelhar a alma para melhor conhecê-la e assim poder transcende-la.

Fonte www.ariray.com.br/textossaladeleitura/03-arquetipos.doc
Ari Ray é o tradutor autorizado das obras do psicólogo e místico Ken Wilber

TAROT COMO SENDA DA INDIVIDUAÇÃO


                                
(Texto de PAULO URBAN, publicado na Revista Planeta, edição especial nº 337-A, outubro/2000)
 Dr. Paulo Urban é médico psiquiatra e Psicoterapeuta do Encantamento.
É autor do livro “O que é Tarô”, da coleção Primeiros Passos, ed. Brasiliense.
e-mail:  
urban@paulourban.com.br
Não é por acaso que os 22 Arcanos Maiores do Tarô acham-se numerados. Suas cartas, perfiladas tal qual os capítulos de uma novela, retratam uma história verdadeira, a do ser humano em sua senda iniciática, repleta de experiências transcendentes e desafios que se nos apresentam como oportunidades para o autoconhecimento.
Desde a Antigüidade, espalhados por distintas culturas, incontáveis são os mitos que abordam a imagem do homem colocado à prova, chamado a enfrentar perigos e resolver enigmas, a ultrapassar seus próprios limites e escolher o rumo certo nas encruzilhadas do caminho.
 
Foi o médico psiquiatra suíço Carl G. Jung (1875-1961), inicialmente admirador de Freud, e que desenvolveu sua própria teoria para a compreensão do psiquismo, a psicologia analitica, quem cunhou o nome de "individuação" para esse processo ininterrupto de aprimoramento pessoal, destinado a orientar a personalidade para algo maior e transcendente, a cumprir psicologicamente o esmo papel a que se destinavam os rituais de iniciação dos povos antigos. 
A questão fulcral da psicologia junguiana esbarra num dos principais mistérios da existência, o da consciência em busca da fonte primordial, inconsciente em sua essência, de onde se desprendeu originalmente. Para Jung, o ego poderia ser comparado ao inconsciente na mesma proporção que uma ilha estaria para o oceano à sua volta. Outra analogia seria a do planeta Terra, pequenina morada da civilização humana (a consciência), comparado ao Universo desconhecido, no qual estamos inseridos (o inconsciente).
Jung chamou de ego o núcleo da consciência, sendo a individuação toda a busca empreendida por esta diminuta instância em direção ao presumido centro da totalidade psíquica, a abranger obviamente o mundo inconsciente. Ao ponto de fusão entre consciência e inconsciente, núcleo da personalidade total e ao mesmo tempo passagem para uma dimensão transcendente e coletiva, espécie de porta para o psiquismo universal, Jung denominou de Selbst, em inglês self, que em português melhor ainda se traduz por “si mesmo”.
O si mesmo seria o órgão regulador de todo o psiquismo, dotado de qualidades abissais que ultrapassam as dimensões do simples ego. Paradoxalmente, o si mesmo, ponto central da psique, preenche toda a sua circunferência, abarcando todos os fenômenos anímicos possíveis, a incluir, portanto, os do próprio ego. Nicolau de Cusa, monge filósofo do século XV, já usara imagem semelhante ao referir-se à onisciência divina: “Deus é uma esfera cujo centro está em toda parte e cuja circunferência não se delimita em parte alguma”.
Como veremos, as alegorias dos 22 Arcanos Maiores, ainda que veladas por intrincado hermetismo, de caráter particularmente medieval no baralho de Marselha, representam nada mais que as situações comuns, reservadas a todos aqueles que se dediquem a explorar seu mundo psicológico mais profundo. Os que partem em busca de si mesmos em geral abrem suas vidas para o amadurecimento pessoal, e sofrem experiências consideradas arquetípicas, de cunho propriamente iniciático.
  Aqui convém explicar, arquétipo é palavra de origem grega, primeiramente usada por Platão, a significar “padrões arcaicos” (arqui = antigo, arcaico + typos = padrão, matriz), e Jung se valeu do termo para denominar certos padrões registrados no comportamento da humanidade, que vêm sendo manifestados ao longo de sua história pelas mais diversas culturas. Embora semelhantes entre si, expressam-se pela variedade dos mitos, religiões, lendas ou folclore; e através de padrões também identificáveis em nosso mundo onírico, quer no cerne de nossos sonhos, quer sob a forma das fantasias.
O arquétipo serve, portanto, como matriz comportamental herdada por todo ser humano, como arcabouço capaz de selecionar nas experiências da vida os elementos significativos que estejam em sintonia com o processo inato da individuação. Os arquétipos, verdadeiras potências imateriais, surgem como entidades impalpáveis e incognoscíveis, mas se manifestam por meio de idéias e imagens, e vestem-se com as mais distintas roupagens de acordo com as culturas que os representam.
Neste sentido, o Tarô os simboliza amplamente, e um mergulho no mundo dos Arcanos permite-nos espelhar nossa alma. Por isso a “leitura” das cartas, quando contemplativa e dinâmica, bem pode transportar-nos para um mundo psicológico mais profundo. Percorramos juntos então, passo a passo, esta estrada pictográfica da individuação. 
Comecemos pela especial figura do Louco que, exceção à regra, não se mostra numerada. O Louco, por não ter um número que lhe determine a posição, acha-se livre para ser notado em qualquer parte da jornada, podendo assumir diferentes valores em nossa vida; daí talvez ter sido preservado sob a efígie do curinga nos baralhos mais comuns.
 
Preferencialmente o colocamos entre o tudo e o nada de Pascal, isto é, simultaneamente ocupando o início e o fim da jornada. Feito Jano dos romanos (a divindade de dois rostos que nunca se olham, voltados que estão para lados opostos), é O Louco quem sabe do porvir tão bem quanto do passado, já que se acha situado antes do primeiro Arcano, O Mago, ao mesmo que ocupa tempo posição após o último, O Mundo. O Louco confere assim ao conjunto um caráter rotativo e perene. Ao assumir duplo papel de fechar e (re)abrir o ciclo, promete a continuidade da individuação.
 
Representa ainda uma força inconsciente, não personificada, por isso sem número, e a figura de bobo da corte expressa a ambivalência de sua função, já que os tais bobos medievais, antes de idiotas, eram sábios, quiçá os únicos capazes de falar verdades ao rei sem o risco de perder a cabeça.
O Louco nos prende assim em sua mágica, na paradoxal leitura de seu sentido. Se pode ser visto como um bobo que nada sabe sobre si, caminhando a esmo, por outro lado é ele o sábio que, tendo mergulhado no abismo de si mesmo, ressurge renascido, disposto a retomar sua senda.
 
E não há monotonia nem repetição nesse processo; embora as experiências mais fortes sejam arquetípicas, elas são inusitadas no modo como acontecem e nos propiciam leituras sempre novas do livro da vida. Também os passos do Louco nunca são lineares, pois a individuação pressupõe voltas e rodeios até que nos aproximemos do si mesmo, ou até que tropecemos em algo e caiamos dentro dele.
A carta seguinte, O Mago, é a consciência personificada. Resulta da transformação do impulso inconsciente do Louco, agora direcionado conscientemente para o trabalho da individuação. Decididamente, O Mago é o grande herói desta jornada (ele é cada um de nós), pois a cada passo nos transformamos, conforme desfilamos pela “estrada real” dos Arcanos. Ele está em pé; é, portanto, ativo; e, feito aprendiz de feiticeiro, opera na mesa à sua frente.
 
Um de seus braços aponta para cima, o outro para baixo, como se nos lembrasse da primeira máxima de Hermes Trimegistrus, a ensinar que o nível humano da existência apenas reproduz o plano cósmico da vida; que somos, sim, manifestação da divindade, mas nem por isso privilégio algum da natureza. O homem precisa trabalhar com o que tem às suas mãos e intuir acerca do Universo à sua volta para que venha a compreender-se.
Consoante os preceitos básicos da magia, O Mago posiciona-se como elo entre os planos humano e divino, surge como centro e medida de todas as coisas. Quatro objetos, dentre outros, despertam-nos a atenção. São eles a moeda e a baqueta que traz em suas mãos, além dos copos e da adaga postos sobre a mesa. Aludem claramente aos quatro naipes do baralho, ouros, paus, copas e espadas, que representam a inteireza do caminho ora descortinado.
 
Isto porque o 4, assim como o 12, são números que por excelência expressam a totalidade, haja vista serem quatro as estações do ano e doze o número de seus meses, também as constelações do zodíaco por onde o Sol passeia ao longo de um ciclo. Quatro e doze sempre nos dão a idéia de algo completo.
Jung escolheu as mandalas (nome sânscrito a designar “círculo mágico”) como símbolos da integridade psíquica, visto que são geralmente representadas por formas circulares (ou outras que insinuem a presença de um centro); de mesmo modo, podemos perceber em cada um dos 22 Arcanos uma mandala oculta.
 
No Mago ela se mostra tanto pelos instrumentos dos quatro naipes citados como pela mesa de três pés e quatro cantos, números estes cujo produto nos leva ao 12. É como se O Mago já tivesse diante de si o tesouro que deseja encontrar pelo caminho, o que, aliás, lhe permite seguir viagem mesmo que não saia do lugar onde se encontra, até porque a individuação é processo essencialmente espontâneo de nosso psiquismo.
Pois bem, tendo à frente uma senda que se desdobra em quatro caminhos, O Mago, resoluto, entende que precisa percorrer simultaneamente todos eles, sob pena de nunca alcançar a transcendência, razão pela qual se divide ele próprio no quatérnio que lhe sucede, formado pelos próximos quatro Arcanos: A Papisa, A Imperatriz, O Imperador e O Papa.
Estes representam uma diferenciação a mais da “ciência dos opostos”, já insinuada pelos braços do Mago que ligavam o em cima ao embaixo. Observemos que as quatro cartas se casam muito bem, são duas figuras femininas e duas masculinas; há da mesma forma uma dupla de imperadores e outra de sacerdotes; e é no equilíbrio de cores de suas vestes que o baralho de Marselha oculta outros mistérios.
 
O detalhe mostra que as mulheres vestem mantos azuis sobre os vermelhos, ao passo que os homens trazem a composição contrária, com vestes vermelhas por cima das azuis. Aqui as cores também têm significado; o vermelho associa-se ao lado consciente, ao aspecto racional do psiquismo. O azul representa o inconsciente, a irracionalidade, os processos intuitivos de percepção.
Nas personagens femininas (A Papisa e A Imperatriz), a intuição prevalece sobre a razão; já na dupla masculina (O Imperador e O Papa), são os processos racionais que estão por cima. A psicologia analítica identifica, além disso, tanto o aspecto feminino no interior do psiquismo masculino, ao qual Jung batizou de anima (no caso, definido pela Papisa), bem como a relação contrária, a essência masculina no psiquismo feminino, denominada animus (no Tarô, melhor representado pelo Papa).
A Papisa é, antes de tudo, o complemento do Mago. Guarda tudo aquilo que lhe falta, sendo, portanto, o verdadeiro moto de sua busca. Se o Mago é movimento, ela é repouso; se ele é ativo, ela é a receptividade em pessoa. Ele é ação; ela, reflexão. Em suma, todo o desenrolar do baralho a partir do Mago é a Papisa, pois tudo aquilo que estiver em seu caminho servir-lhe-á como complemento. A relação Mago-Papisa no Tarô é correlata do binômio yang-yin dos chineses; aliás, não poderia faltar no esoterismo do Ocidente o arquétipo da “ciência dos opostos”. 
Havendo o Mago experimentado as diferentes maneiras de perceber o mundo, e consciente da natureza interminável de seu caminho, pela primeira vez tem nítida noção das dificuldades que ainda enfrentará. Sua determinação estará sempre à prova.
Na situação arquetípica sucedânea, o herói depara-se com a encruzilhada do Enamorado, quando se encontra dividido entre duas mulheres que cobram dele uma escolha. A que está à sua direita, para a qual ele volta sua face, toca-lhe o ombro, e veste roupas predominantemente vermelhas. Representa a via racional. A outra moça, aparentemente mais jovem, vestindo principalmente o azul, toca-lhe o coração, como se quisesse despertar suas emoções, seu lado intuitivo. No alto, acima da cabeça do herói, em instância que transcende sua consciência, um anjo direciona sua seta para a via intuitiva, como se quisesse orientá-lo em sua escolha.
 
Enfim, aí está representado o drama do livre arbítrio, capaz de atormentar a consciência com o conflito da eterna dúvida. O personagem acha-se cruelmente dividido entre o racional e o intuitivo, observe-se suas roupas listradas de azul e vermelho, além do amarelo, seu aspecto pessoal.
 
Mas pouco importa por onde seguirá nosso herói, até porque razão e intuição encontram-se mescladas em todas as experiências da vida, apenas predominando ora esta, ora aquela. O principal é que o herói dê seu próximo passo, para que não reste estagnado em seu caminho. Siga por onde seguir, desembocará na tríade seguinte, O Carro, A Justiça, e O Eremita.
Decidindo prosseguir, O Mago experimenta a extroversão das conquistas rápidas, simbolizado pelo Arcano VII, O Carro. O primeiro terço das 21 cartas numeradas se completa. O Mago está emancipado. Destemido, deixa de ser mero neófito para amadurecer na senda e, mediado pelo senso da Justiça, virtude que será assimilada no Arcano subseqüente, chega à condição de maior introversão e capacidade introspectiva, quando descobre que há sabedoria em seu próprio poço, a ser buscada por um processo sereno e cuidadoso, como o faz o velho Eremita.
A carta X, A Roda da Fortuna, traz as vicissitudes da vida, com seus rodopios e reveses. O herói deve afinal saber tirar proveito do movimento do cosmos. “Há nas lides do homem uma maré que, se aproveitada enquanto cheia, o levará à fortuna”, diria Shakespeare.
No Arcano XI, A Força, alcançamos a metade do caminho, mas prosseguem as vicissitudes, até que O Mago perceba que, invariavelmente, ações sutis repercutem melhor do que as atitudes brutas, como nos mostra a figura intuitiva da vestal, que, sob um manto azul, domina com suas delicadas mãos toda a brutalidade duma besta-fera, contendo-a pela mandíbula. A fera ocupa a metade inferior da carta e, não fosse sua cor distinta, estaria misturada ao hábito da personagem. Representa os processos instintivos, aspectos brutos que esperam ser lapidados e transformados em algo mais sutil.
Os dois Arcanos seguintes nos trazem a experiência da morte. O Enforcado é ela própria, em seu sentido terminal. A lâmina mostra o herói dependurado, de cabeça para baixo, vendo a vida por seu outro ângulo; ou como se estivesse num ataúde, cercado por terra e troncos, os dois verticais com seus doze ramos podados, a representar o esgotamento da mandala, a morte aparente do dinamismo psíquico.
 
Mas o herói, se sobrevive à força perturbadora deste arquétipo que dele exige sacrifícios, comunga pela primeira vez com o mundo transcendente, representado pelo Arcano XIII. Por ser o único sem nome, nem deveria ser chamado Morte. O esqueleto que ceifa sugere transformações substanciais, a troca do velho pelo novo.
 
É um momento iniciático de fértil aprendizagem, representada pelos arbustos em quantidade que brotam neste novo campo da existência. Afinal, o 13 expressa o rompimento da mandala, a transposição da ordem; a soma de 1+3, entretanto, leva-nos de volta ao 4, à mandala de uma nova dimensão.
O Arcano XIV, A Temperança, é a terceira das quatro virtudes medievais a estar representada no Tarô. As outras três, já vistas, são a justiça (Arcano VIII), a prudência (Arcano IX), e a força (Arcano XI). Este tema é chave dos alquimistas, e o segundo terço se completa com o Mago promovido a esta condição. A Temperança se (re)vela no equilíbrio parcimonioso de seu movimento, e a figura feminina aqui traz azul e vermelho em iguais proporções.
Uma vez feito alquimista, pode agora nosso herói experimentar as provações mais duras, reservadas aos que penetram no Diabo, Arcano XV, ou na Casa de Deus, Arcano XVI.
Tais estações referem-se ao mundo sombrio, aos aspectos mais críticos de nossa personalidade, produtos que são de partes pouco exploradas ou desconhecidas de nós mesmos. O demônio nada mais faz do que escravizar a nossa consciência, prendendo-a em seu altar, exigindo de nós o auto-sacrifício da extinção de nossas buscas. É por meio dele (o intelecto) que nos sentimos separados da fonte primordial.
 
Por conta dessa mesma consciência é que podemos refletir acerca da única certeza que temos, a de nossa morte, de onde nasce uma natural angústia capaz de nos prender em temores pessoais. O Mago descobre que a única forma de evitar o demônio é enfrentá-lo! Se por um lado não devemos negar os méritos de nosso intelecto, por outro, de alguma forma, precisamos transcendê-lo.
A Casa de Deus é o arquétipo da destruição, das mudanças avassaladoras em nossas vidas. Por vezes, somente algo assim tem força capaz de nos arrastar para longe do Diabo que antes nos prendia. A Torre fulminada mostra o ego abalado pelo grito de um inconsciente incontido, simbolizado pela labareda de fogo que explode a cúpula da Torre, cuja forma lembra uma coroa, real adorno de uma consciência que se esquece muitas vezes de perceber a realidade por detrás da realeza.
O Arcano XVII, A Estrela, nos entrega à esperança. Revela à consciência libertada que a individuação continua a ser possível. Ao menos é o que representam as luzes que brilham no firmamento. A jovem desnuda não é outra senão o nosso herói, despido dos valores mundanos, a verter no rio do inconsciente coletivo suas próprias águas (azuis) de seu mundo intuitivo, de seu inconsciente pessoal. As estrelas no céu simbolizam as almas já individuadas.
 
Pela primeira vez os 4 elementos se agrupam numa mesma lâmina: água, fogo, terra e ar estão aí representados, este último reafirmado pela presença do pássaro, símbolo da alma inclusive. De novo descobrimos a mandala disfarçada.
A Lua, Arcano XVIII, representa as trevas, os porões da alma; na psicologia junguiana será chamada de sombra. A sombra representa o lado oculto do psiquismo, fonte de inúmeros perigos e potenciais que jazem adormecidos. As trevas psicológicas apresentam sérios desafios à nossa frágil consciência, que precisará pedir ajuda à intuição para vencer a provação noturna.
 
A Lua é receptiva, absorve a energia (as gotas) do sistema, e demarca a aproximação entre consciência e inconsciente, aqui representados pela duplicidade de símbolos, dois lobos a serem vencidos e dois templos a serem alcançados. Jung admitia que quando os símbolos se duplicavam em nossos sonhos, provavelmente estaria havendo a assimilação de valores inconscientes por uma consciência que se aprimora.
Vencida a noite negra, o Sol do Arcano XIX é quem traduz o momento áureo da jornada, quando a consciência comunga do si mesmo, inspirado instante em que ela se ilumina. A energia agora se espalha pelo sistema, e as duas crianças (consciência e inconsciente) que se tocam para cá do muro que antes as separava, descobrem-se idênticas, visto que nenhuma diferença deveria mesmo haver entre instâncias de um mesmo psiquismo. No contato mútuo das crianças, a ponte para o si mesmo se apresenta, e a iluminação preenche esta mandala.
Mas não por isso o caminho chega ao fim. Restam ainda a análise e a síntese alquímica do processo, previstos pelos últimos dois Arcanos, O Julgamento, XX, e O Mundo, XXI. Juntos simbolizam o ajuste da mandala pessoal, momento em que o herói procura reorganizar seu mundo psicológico, transformado que está por tudo aquilo que sofreu. No Mundo, a síntese (a mandala) se define claramente.
 
O herói está liberto no núcleo da carta, em sintonia com o Universo à sua volta. As figuras nos quatro cantos da carta são alusão aos quatro naipes em que se desdobra o baralho. Mas o Mundo é apenas o fechar de um ciclo. Serve para impulsionar o herói (nós mesmos), para frente. Afinal, somos sábios apenas em relação àquilo que vivemos, e completamente Loucos frente ao que nos é desconhecido.