domingo, 16 de setembro de 2012

Reflexões sobre a idade madura (ou deveria ser provecta?)

http://www.socorrinhacastro.com.br

Hoje, vendo as atualizações dos blogs que acompanho, me deparei com uma postagem de "A Arca do Conhecimento", com a qual me identifiquei bastante. Achei-a tão cheia de sabedoria e experiência que resolvi encaminhar meus leitores  ao link desta interessante reflexão de Maria José Resende. Leiam: Cheguei aos Sessenta!


O poeta Carlos Drummond de Andrade fez suas reflexões sobre o mesmo tema, em forma de poesia, é claro.



As lições da infância
desaprendidas na idade madura.
Já não quero palavras
nem delas careço.
Tenho todos os elementos
ao alcance do braço.
Todas as frutas
e consentimentos.
Nenhum desejo débil.
Nem mesmo sinto falta
do que me completa e é quase sempre melancólico.

Estou solto no mundo largo.
Lúcido cavalo
com substância de anjo
circula através de mim.
Sou varado pela noite, atravesso os lagos frios,
absorvo epopéia e carne,
bebo tudo,
desfaço tudo,
torno a criar, a esquecer-me:
durmo agora, recomeço ontem.

De longe vieram chamar-me.
Havia fogo na mata.
Nada pude fazer,
nem tinha vontade.
Toda a água que possuía
irrigava jardins particulares
de atletas retirados, freiras surdas, funcionários demitidos.
Nisso vieram os pássaros,
rubros, sufocados, sem canto,
e pousaram a esmo.
Todos se transformaram em pedra.
Já não sinto piedade.

Antes de mim outros poetas,
depois de mim outros e outros
estão cantando a morte e a prisão.
Moças fatigadas se entregam, soldados se matam
no centro da cidade vencida.
Resisto e penso
numa terra enfim despojada de plantas inúteis,
num pais extraordinário, nu e terno,
Qualquer coisa de melodioso,
não obstante mudo,
além dos desertos onde passam tropas, 
dos morros onde alguém colocou bandeiras com enigmas,
e resolvo embriagar-me.

Já não dirão que estou resignado
e perdi os melhores dias.
Dentro de mim, bem no fundo,
há reservas colossais de tempo,
futuro, pós-futuro, pretérito,
há domingos, regatas, procissões,
há mitos proletários, condutos subterrâneos,
janelas em febre, massas de água salgada, meditação e sarcasmo.

Ninguém me fará calar, gritarei sempre
que se abafe um prazer, apontarei os desanimados,
negociarei em voz baixa com os conspiradores,
transmitirei recados que não se ousa dar nem receber,
serei, no circo, o palhaço,
serei médico, faca de pão, remédio, toalha,
serei bonde, barco, loja de calçados, igreja, enxovia,
serei as coisas mais ordinárias e humanas, e também as
[excepcionais:tudo depende da horae de certa inclinação feérica,viva em mim qual um inseto.

Idade madura em olhos, receitas e pés, ela me invade
com sua maré de ciências afinal superadas.
Posso desprezar ou querer os institutos, as lendas,
descobri na pele certos sinais que aos vinte anos não via.
Eles dizem o caminho,
embora também se acovardem
em face a tanta claridade roubada ao tempo.

Mas eu sigo, cada vez menos solitário,
em ruas extremamente dispersas,
transito no canto do homem ou da máquina que roda,
aborreço-me de tanta riqueza, jogo-a toda por um número de casa,e ganho.


(Carlos Drummond de Andrade)

O ESPAÇO INTERIOR É UMA VASTA REALIDADE

http://psicologiaanalitica.wordpress.com


O espaço interior é uma vasta realidade, um mundo real. É, de fato, o universo real, enquanto o espaço exterior não passa de uma imagem especular, de um reflexo. É por isso que ele não pode nunca ser totalmente compreendido. 

A vida nunca pode ser verdadeiramente entendida e absorvida pela experiência quando é vista do exterior. É por isso que é tão frustrante, e às vezes tão assustadora para tanta gente. 

Este trecho pertence à palestra pathwork n.256 que está postada na íntegra na pagina:   Canalizações de Eva Pierrakos