quinta-feira, 24 de maio de 2012

ALGUMAS PALAVRAS SOBRE KARMA

Fonte da imagem : http://www.buddhachannel.tv


A existência da reencarnação e do Karma fazem parte da Doutrina Espírita de Alan Kardec, mas esta crença é bem mais antiga e faz parte das mais antigas religiões do planeta Terra. De acordo com a Tradição, o Karma não pode ser visto em termos de prêmio e castigo em função de ações passadas, não fazendo parte, portante de uma cadeia de causa e efeito interminável na vida humana.

Na concepção da Tradição, na verdade, Karma é ação. É uma interação dinâmica entre coisas e eventos  e é inerente ao Processo Cósmico, e a característica do Cósmico  é mover-se sempre  numa interação dinâmica de todos os fenômenos em qualquer dimensão da realidade. Quando um indivíduo envelhece mentalmente, recusando-se a perceber o NOVO, no Cósmico , é levado de "roldão" pela ação da Karma, até que possa reelaborar sua maneira de pensar e perceber o sentido dinâmico da vida. É como dizem muitos sábios, antigos e novos: viva aqui e agora .

Existe um "querer" universal que si manifesta e "quer" através do homem? O homem pode decidir fazer ou não fazer aquilo que quer, tem livre arbítrio. O impulso criador é a voz interior que nos fala de maneira silenciosa mas faz vibrar cordas ocultas em nosso coração.  E sábio é o homem que sabe conduzir sua vida de acordo com essa voz.

É importante descobrirmos o que está subjacente em nossa mente subconsciente, é preciso saber qual a vontade de Deus em nós. Se não seguimos essa vontade arruinaremos nossa vida e passaremos a viver à margem do Universo. E isto é trágico no destino de qualquer ser humano.

O que é construído sem o impulso criador do Eterno, é uma criação exclusiva do "Ego" . É letra morta, vazia, sem espírito. não pode vingar.

O Cósmico constitui uma realidade integrada, inseparável, em eterno movimento, vivo, orgânico. O cósmico é o princípio inteligente que atua a  partir de dentro das coisas.

Palavras inspiradas na Tradição

PAIDÉIA II

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Civilizações como a do Egito antigo possuem uma estabilidade milenar de sua tradição que varou milênios e entre os romanos a estabilidade das relações sociais e políticas era considerada o valor mais alto. Entretanto, entre os povos antigos, a história daquilo que podemos chamar de cultura começa com os gregos. Este povo é a origem e a fonte espiritual do mundo ocidental, o qual Jaeger denomina de povos helenocêntricos. A Grécia ocupou uma posição revolucionária e solitária na história da educação humana.

Foi criadora de uma Paidéia, formação do homem grego, que conta a história de sua educação. Ela é a própria história da Grécia que não desapareceu porque os gregos a criaram  de uma forma perene. O povo grego talhou seu próprio destino através de uma vontade altíssima de formar um elevado tipo de ser humano.

Neste sentido, a ideia da educação representava para ele o sentido de todo o esforço humano, sendo o fim último da comunidade e individualidade humanas. O termo "Paidéia", na sua origem, aparece no século V a.c. com o significado de "criação dos meninos". Antes do surgimento deste termo e de sua evolução, a palavra apropriada para designar o ideal de formação do indivíduo era "arete" que se faz presente um toda a sua poesia, desde Homero, como nobreza, cavalheirismo.

 Com o tempo, o termo "Paidéia" foi alargando a esfera do seu significado para "Bildung" - formação ou a equivalente latina "cultura". O termo "Paidéia" passa a ter um sentido bastante amplo designando o ser formado e o próprio conte´do da cultura, chegando, ao final, a abarcar o mundo da cultura espiritual. A partir do século IV a.c. este conceito achou a sua cristalização definitiva passando a designar todas as formas e criações espirituais, o tesouro completo de sua tradição.

 Com os sofistas, a Paidéia adquire o significado de uma  teoria consciente da educação, recebendo assim um componente racional. Foi este momento histórico, um estágio da maior importância no desenvolvimento do humanismo, que, com Platão atingiu o seu clímax. A Paidéia como Teoria da Educação abriu caminho a uma verdadeira filosofia política e ética, ao lado e mesmo acima da Ciència da Natureza (primeira manifestação do saber grego).  Os sofistas chamaram de "techne" à sua teoria e arte da educação.

 Por essa época, a Paidéia assumiu como traços fundamentais a educação ética e política. Hoje usamos a palavra cultura numa acepção que a estende a todos os povos da Terra, inclusive os primitivos. Assim, entendemos hoje em dia como cultura as manifestações e formas de vida que caracterizam um povo.

Converteu-se, portanto, a palavra cultura, num conceito antropológico descritivo. Abandonou, assim, o seu antigo significado de um ideal consciente, um valor.

Neste sentido, podemos falar de uma cultura chinesa, hindu, babilônica, hebraica ou egípcia sem que estes povos tenham possuído uma palavra que a designasse de modo consciente, embora esses povos tenham possuído seus sistemas educativos, estes, na sua essência, são algo fundamentalmente distinto do Ideal grego da formação humana.


O povo grego foi quem estabeleceu, pela primeira vez um ideal de cultura como princípio formativo.


Sua importância como educadores deriva de sua nova concepção do lugar do indivíduo na sociedade, dando uma nova valoração ao homem, em contraste absoluto com o das civilizações pré-helênicas, cuja essência não se afasta muito  dos ideais do cristianismo e do ideal de autonomia espiritual que surgiu com o renascimento.

Foram os gregos que elaboraram o conceito de natureza, a sua "phisis" como um todo ordenado em conexão fixa, na qual e pela qual tudo ganhava sentido. Uma concepção sem dúvida orgânica porque nela, as partes são consideradas membros de um todo. Isto deu-lhes a unidade nas manifestações artísticas que deixaram patenteadas.

Ainda continua no próximo post.

Fonte: Paidéia - Werner Jaiger