sábado, 3 de março de 2012

Aposentar sem enferrujar



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Sempre encontro muita sabedoria nos escritos de Pierre Weil (escritor, educador, terapeuta e psicólogo, professor universitário e um dos fundadores da UNIPAZ) e de vez em quando publico textos de sua autoria que acho interessantes.

 Este parece vir a calhar num momento em que as pessoas estão vivendo mais e, como é costumeiro aposentam-se quando ainda tem muito a oferecer, a contribuir para a própria evolução e da humanidade. 

Assim, leiam o texto e aproveitem porque todos os que não morrem jovens chegarão à velhice e seria bom que la chegassem com saúde integral.

APOSENTAR SEM ENFERRUJAR

O sonho da maioria dos ocidentais da nossa civilização industrial é trabalhar, Ter um emprego ou exercer uma profissão liberal, e depois aposentar.

Aposentar para estes, significa ficar numa situação supostamente idílica, e não fazer nada. Os bancos das praças públicas estão bastante guarnecidos destes aposentados, homens e mulheres, completamente a toa, não fazendo nada, ou no máximo jogando damas. O que estão esperando, senão a morte, sem nem se dar conta disto?

O mito da aposentadoria está bastante arraigado em todos nós, e apresenta sérios inconvenientes. Eu até o classificaria dentro da categoria de normose, isto é de um hábito considerado como normal, pois é praticado por consenso pela maioria das pessoas, mas é gerador de patologia, doenças e até mortes.

Observei muitos amigos que, na hora de aposentar e durante algumas semanas seguintes, demonstravam muita alegria, expressando sentimentos de libertação; realmente estavam livres de uma atividade profissional que no fundo não gostavam ou de um emprego cujo cartão de ponto lhes tinha acorrentados. Alguns anos depois, os encontrei deprimidos, abatidos pela rotina de não fazer nada, mentalmente incapazes de sustentar uma conversa que saia do corriqueiro. Estavam velhos e, intelectualmente ou mesmo fisicamente, enferrujados.


COMO DESCOBRIMOS QUE ESTAMOS FICANDO VELHOS?

A idade da aposentadoria não significa necessariamente velhice sobretudo na legislação brasileira; porém ela pode precipitar o envelhecimento como acabamos de o expor.

Há dois tipos de sinais de que estamos ficando realmente velhos: os sinais sutilmente emitidos pelos amigos e conhecidos, isto é os de natureza social e os sinais psicossomáticos. Vamos descrever sucessivamente estas duas categorias.

Os sinais dados pela sociedade começam, em geral, com capciosas perguntas como por exemplo: "Você ainda trabalha?", ou ainda observações tais como, depois de lhe ter perguntado a sua idade: "Puxa como você parece mais jovem!". E um dia ao tomar um avião lhe convidam para passar à frente: Você acaba de ser classificado como pessoa da terceira idade. Outro sinal: declínio de interesse por você pelas pessoas moças... E, às vezes, os seus próprios filhos começam a lhe mostrar as vantagens de se mudar para uma casa de retiro; terá enfermeiras e médicos a disposição todo tempo, poderá se comunicar com gente da sua idade, e de vez em quando, os filhos irão lhe visitar; perfeita organização do começo do fim...

Quanto aos sinais físicos, eles são bastante conhecidos; aparecimento de rugas, o primeiro cabelo branco (não hereditário, é claro...!), a espinha dorsal se curvando, aumento do cansaço, permanente tensões nas costas, tristeza sem causa aparente, desânimo pela vida, quando não, cansaço de continuar a viver, resistência em sair de casa e aumento do gosto pelo chinelo, diminuição do apetite sexual e da freqüência orgástica, aparecimento de doenças típicas da velhice: artrite, artrose, reumatismo, cardiopatias, distúrbios circulatórios, varizes, e tantas outras ainda.

A questão essencial é como evitar os inconvenientes da terceira idade e como ser feliz e em paz mesmo com idade avançada?

É o que vamos tratar a seguir, de modo breve, claro e simples, sob forma de princípios, os quais se foram aplicados na sua vida cotidiana, farão de você um eterno ou uma eterno jovem de "certa idade...", sem que se saiba a idade certa...

Estes princípios, se seguidos, tornam a aposentadoria uma questão secundária, já que são na realidade princípios que se aplicam à todos as idades, jovens adultos ou idosos, aposentados ou não.

Para isto resolvi, como autor destas linhas, sair do meu anonimato, e descrever como eu mesmo vivo.


PRINCÍPIOS GERAIS PARA CONSERVAR OU DESPERTAR A JUVENTUDE DE ESPÍRITO

Tenho setenta e quatro anos. Muitas pessoas depois das minhas conferências ou na intimidade, me perguntam onde encontro tanta paz, energia e juventude de espírito. Eis o que eu poderia lhes responder se tivesse o tempo necessário.

De fato me sinto assim, na maior parte do tempo. O devo antes de tudo ao fato de eu Ter encontrado a verdadeira razão da minha existência e a verdade à respeito do após-morte.

Assim sendo eu colocaria estas duas descobertas como primeiros princípios a serem aplicados.
  1. Descobre a verdadeira razão da tua existência neste planeta terra. Saiba que você não veio por acaso, mas que você tem uma função, um papel a cumprir, que você também pode chamar de missão. Nunca é tarde para esta descoberta; muitas vezes uma grande parte da nossa existência se passa sem enxergarmos o obvio, e foi necessário repetir certos comportamentos destrutivos até chegarmos à esta descoberta.

    Se você observar em torno de você, você vai chegar a conclusão de que, no fundo, há duas categorias de pessoas: as que sabem e tem certeza do que estão fazendo aqui, e as que não sabem ou tem dúvidas.

    A primeira categoria é constituída de pessoas entusiastas, seguras de si, abertas para a vida e felizes pelas oportunidades que esta lhes oferece. São lideres no seu entorno social, bons amigos, dispostos a ajudar os outros, pois já passaram pelas mesmas dificuldades e as superaram. São firmes e seguros no que fazem.

    O segundo tipo de pessoas, é inseguro, deprimido, cético sobre tudo e todos; acham que esta existência não tem sentido, que só os mais espertos que vencem e que só nos resta deixar o barco ir à deriva. É claro que a sua visão sombria atrai eventos e pessoas mais sombrios ainda, os quais irão reforçar ainda mais esta convicção.

    Vem então a pergunta fundamental: como encontrar o sentido da existência?

    No meu livro "A revolução silenciosa", conto como eu tinha chegado, com trinta e três anos, à uma crise existencial caracterizada pela falta de sentido da vida. Eu era um escritor, educador e psicólogo de sucesso, e estava muito infeliz; eu tinha tudo e mais do que jamais sonhei ter. Tive câncer, fui operado, e passei uns cinco anos sem saber se eu continuaria a viver. É nestas oportunidades que vem as perguntas essenciais. O que eu estou fazendo aqui? Qual o sentido da minha existência? O que há após a morte?

    Quando o desespero é muito grande e que estas perguntas são feitas com sinceridade, vem as respostas. Elas vem como se fossem por acaso. Um livro perdido numa prateleira, um amigo que solta uma frase chave, um filme que retrata a sua própria história e assim por diante. Aos poucos você constata que são tantos os acasos que se multiplicam, que não podem ser acasos. São os que se chamam de Sincronicidades, isto é, eventos significativos para você descobrir a existência de uma força que lhe guia, que sempre esteve com você, mas que você não enxergava. Isto aos poucos vai lhe dar uma grande segurança. Você não se sente mais só. E se você olhar o seu próprio passado, sobretudo na sua infância, as atividades que lhe causavam alegria, você descobrirá a sua verdadeira vocação. No meu caso descobri que desde cedo sonhava em ser educador e me consagrar à educação para a Paz.

    Tudo que ocorreu na minha vida, de bom ou de ruim, me preparou para exercer cada vez melhor este papel. Mesmo o fato de eu ter nascido numa família de três religiões e de duas culturas em conflito, não foi por acaso. Hoje, sei que o acaso não existe... Muito me ajudou também e fui me submeter à uma psicoterapia.

    Quem sabe, você também precisa se submeter à uma das inúmeras terapias disponíveis, tais como a psicanálise, o piscaram, a gstalt-terapia, a psicossíntese, a análise transacional e tantas outras.

    Além da psicoterapia resolvi aprender a praticar Ioga. Além de melhorar muito o meu estado de saúde e despertar ainda mais a minha paz interior, esta última iniciativa muito me ajudou a descobrir a verdade sobre a questão da morte e do depois... Isto nos leva ao segundo princípio.
  2. Só podemos encontrar a verdadeira paz, serenidade e segurança, não só na terceira idade, mas em todas as idades, se tivermos encontrado e descoberto a verdade a respeito da morte. E isto é possível, nesta existência, sim!

    No Ioga e em muitas outras tradições espirituais tais como o Tai-Chi, diferentes formas de meditação e oração, podemos entrar em contato com a verdadeira natureza do espírito e descobrirmos a sua qualidade essencial: a eternidade.

    Não me refiro a simples crença de natureza apenas intelectual, que preenche uma certa função de diminuir o medo desde que a convicção seja bastante forte e estável, mas sim, a uma verdadeira vivência interior, em que esta eternidade se revela evidente e definitiva. As pessoas que passaram por este tipo de experiência, chamada transpessoal, perdem o medo da morte, pois descobriram o caráter eterno da vida.

    Muitas são as investigações de natureza científica que corroboram estas experiências pessoais. Quem quiser aprofundar esta questão pode procurar o meu livro intitulado "A Morte da Morte".

    É sobretudo o relaxamento e a meditação diários que levam a adquirir esta vivência. Mas estas metodologias propiciam ainda outros benefícios adicionais. Isto é assunto do próximo princípio.
  3. Muitas pessoas me perguntam onde eu encontro tanta paz e serenidade: a minha resposta é o relaxamento e a meditação diários.

    Se você quiser viver tranqüilo e em paz todos os dias, pratique o relaxamento todas as manhãs.

    Esta prática lhe proporcionará também uma saúde estável, lhe permitirá curar mais rapidamente se estiver doente, lhe permitirá sair da insônia à noite, acalmar e sair de tensões nervosas durante o dia, ou da sonolência num período de muito calor.

    Relaxando todos os dias, você se tornará mais criativo pois estará mais perto da fonte de onde tudo provêm.

    A meditação reforçará ainda mais estes benefícios, se for sobretudo orientada por um mestre competente tais como existem ainda em todas as tradições espirituais.

    Ela que lhe levará progressivamente à descobrir a verdadeira natureza do espírito, isto é a responder a pergunta: Quem sou eu?

    Além disto só nos resta agrupar em torno do próximo princípio, algumas recomendações, relativas à manutenção da saúde psicossomática o que impede o envelhecimento precoce.
  4. Aposentado ou não, nunca pare de exercer uma atividade útil para você e para os outros. Se a sua atividade estiver à serviço dos outros, você acumulará ainda mais energia benéfica, pois o amor é a força mais poderosa do universo. Por isto mesmo pratique o amor e a compaixão em todos os momentos e oportunidades da sua vida diária. Assim no último suspiro você levará consigo o sentimento de plenitude e poderá dizer para você mesmo que não viveu em vão.

    Ame também a você mesmo, cuidando da saúde do seu corpo, mesmo se tiver descoberto que você vive provisoriamente nele. Pois da saúde do seu corpo depende a qualidade do serviço que você pode prestar aos outros.

    Cuidar do corpo significa alimentá-lo de modo adequado, nem mais nem insuficientemente; evite pois os excessos; informe-se sobre a melhor maneira de usar uma alimentação natural, se possível vegetariana. Evite álcool, cigarro (inclusive o fumo dos outros), excesso de sal e açúcar.

    Tenha uma vida física equilibrada. Isto significa andar todos os dias ao ar livre, respirar com inspiração maior do que a expiração, tomar sol antes das nove horas. Espreguice e boceja bastante e, para terminar, muito bom humor e alegria...

    Eis o que nos ocorreu assinalar nos limites deste espaço reduzido.

    Só nos resta pois, fazer votos que o proveito para cada um seja ainda maior daquilo que foi para mim...!

Pierre We

Fonte: http://www.pierreweil.pro.br/Novas/Novas-08.htm



Nota: Após esta leitura, noto  que este texto é, também, uma receita de felicidade! Quiçá tivéssemos todos coragem e perseverança para por todos estes itens em prática no nosso quotidiano.