sexta-feira, 8 de abril de 2011

As Saúvas, nossas amigas


Gostaria de ompartilhar com voces algumas reflexões feitas na vespera. Já observaram atentamente as saúvas, essas trabalhadoras incansáveis!!! Na nossa pequena chácara, de meio hectare em Araras-SP, contam-se quatro saúveiros, três ativos e um abandonado.


Na zona 1 da propriedade trabalham arduamente os membros da espécie Atta sexdens rubropilosa, a Saúva limão, dessas que quando esmagadas tem cheiro de capim limão. Voces ja notaram? Elas gostam de plantas dicotiledoneas, avidas consumidoras de leguminosas, por vezes noto em suas limpissimas vias sementes de mucuna preta caminhando, e como gostam de sementes.


Já em outras zonas encontra-se outros dois saúveiros, as formigas destes são bem parecidas com as primeiras, porém não tem o cheiro de limão e sim um cheiro forte e rançoso, um cheiro de... cheiro de... cheiro de saúva esmagada.

Não tenha pena de esmagar uma sauvinha, para indentificá-las, é importante conhecer seus aliados, mas se você não tiver coragem de faze-lo intencionalmente, não se esqueçam de cheira-las quando forem esmagadas acidentalmente. 


Mas voltando a essa outra saúva, essa de cheiro rançoso é a Atta capiguara, também prefere cortar as dicotiledoneas agonizantes, excelentes faxineiras, também indicam precisamente a hora e as plantas a serem podadas, são grandes amigas. 

Um de seus formigueiros na Chácara está ativo, o outro ja cumpriu o seu papel, e por sobre seus restos crescem vigorosos assa-peixes, realmente naquele ponto o sistema sem intervenção humana nenhuma deu um salto evolutivo, graças é claro ao trabalho cooperativo da Saúva Capiguara!!! Três vivas a elas.


E por ultimo mas não menos importante, as obreiras da zona 3, essas são conhecidas como Saúvas cabeças de vidro ou mata pasto, Atta bisphaerica, dentre seus membros, para facilitar a identificação, procurem os soldados. Imponentes como carros de combate (em missão de paz, é calro) essas criaturinhas possuem grandes cabeças brilhantes que parecem duas esferas unidas, por isso o nome bisphaerica, essas preferem gramíneas e adoram converter pastagens em floresta, com o tempo necessário, é isso que acontece.


De modo geral todas elas para estabelecer seu formigueiro procuram terreno degradado e com o tempo acumulam matéria orgânica em panelas de descarte suficientemente grandes para abrigar um homem. Uma concentração de energia em um ponto deficiente, maravilhoso não é...
E ontem, fazendo um circulo de bananeiras notei, o processo é o mesmo porem catalizado!!!


Fabrício de Campos.

Fonte: http://www.ipemabrasil.org.br/

O Homem convida suas próprias calamidades


Tudo que é guardado na memória do Tempo fica profundamente gravado sobre as coisas do Espaço. A própria terra que pisais, o próprio ar que respirais, as próprias casas em que morais poderiam facilmente revelar-vos os mínimos pormenores do registo de vossas vidas - passada, presente e do porvir - tivésseis vós a capacidade de ler e a perspicácia de entender o sentido. 


Na vida, como na morte; na Terra ou além da Terra, jamais estareis sós, mas na constante companhia de seres e coisas que participam de vossa vida e de vossa morte, assim como vós participais da vida e da morte deles. 


Assim como os buscais, assim eles vos buscam. O Homem tem sua conta com todas as coisas, e estas têm sua conta com o Homem. Esse intercâmbio segue sem interrupção. O raio jamais feriria a casa se a casa o não atraísse. A casa é tão responsável pela sua ruína quanto o raio.

O assassinado afia o punhal do assassino e ambos desferem o golpe fatal. O roubado dirige os movimentos do ladrão e ambos cometem o roubo. Sim, o Homem convida as suas próprias calamidades e depois protesta contra os hóspedes importunos, por se haver esquecido quando e como escreveu e enviou os convites. 

O Tempo, no entanto, jamais esquece; o Tempo entrega o convite no endereço certo, e o Tempo conduz cada convidado à casa do anfitrião.

E em verdade vos digo, jamais protesteis contra um hóspede, para que ele não se vingue, demorando-se muito tempo ou tornando as suas visitas mais freqüentes do que seria normal.

 Sede bondosos e hospitaleiros para com eles, seja qual for o seu procedimento ou comportamento, pois na realidade são vossos credores. Dai aos importunos mais do que deveis, para que se vão gratos e satisfeitos e para que, se voltarem a visitar-vos, o façam como amigos e não como credores.


Fonte: Trecho do livro de Mirdad

Nota: Podemos interpretar como hóspede, pessoas com as quais convivemos, ou até mesmo as doenças e outros males que nos afligem.