quarta-feira, 16 de março de 2011

Reflexão e autotransformação



 A agressão ao planeta, destruição do habitat, ganância, consumismo, necessidade de ter, o caos social, a miséria presente nas cidades ricas, tudo isto faz parte  da doença egoica de se identificar com as coisas. 

Observaram como tudo está interligado? E que se não transformarmos nosso modo de ser e de agir jamais nos libertaremos da crise em que estamos vivendo?

Vamos refletir bastante sobre como tudo está interligado, que existe uma unidade nesta diversidade e o que afeta a um afeta tudo e todos. 

Se mudarmos para melhor, e aprendermos a nos respeitar percebendo que somos partículas da essência divina, que fazemos parte desta unidade que é o universo e que nossos atos afetam profundamente todo o sistema para melhor ou para pior, saberemos respeitar também o nosso irmão, o nosso semelhante e também o planeta que nos acolhe e nos sustenta. 

Só assim poderemos realizar um dia a utopia do paraíso que um dia perdemos e dar um passo na direção de uma dimensão de nível superior.

Se desejarem enriquecer esta reflexão poderão assistir o vídeo clip: "A história das coisas".



A identificação com as coisas é uma doença


"O CONTEÚDO E A ESTRUTURA DO EGO

A mente egoica é completamente condicionada pelo passado. 

Esse condicionamento é duplo: consiste em conteúdo e estrutura.
No caso de uma criança que está chorando e sofrendo profundamente porque lhe tiraram um brinquedo, esse objeto representa o conteúdo. Ele pode ser trocado por qualquer outro conteúdo, isto é, por qualquer outro brinquedo ou objeto. 


O conteúdo com o qual alguém se identifica é condicionado pelo ambiente, por sua criação e pela cultura dominante. Tanto faz se a criança é rica ou pobre e também não importa se o brinquedo é um pedaço de madeira no formato de um animal ou um aparelho eletrônico sofisticado: o sofrimento causado pela perda do objeto será o mesmo. 

A causa dessa dor aguda está oculta na palavra "meu" e é estrutural. A compulsão inconsciente para ressaltar a própria identidade por meio da associação com um objeto é construída na própria estrutura da mente egoica. Uma das mais básicas estruturas mentais que possibilita a existência do ego é a identificação. A palavra "identificação" deriva dos termos latinos idem, que significa "o mesmo", e facere, que corresponde a "fazer". 

Portanto, quando nos identificamos com algo, "fazemos dele o mesmo". O mesmo que o quê? O mesmo que nós. E lhe atribuímos a percepção do eu - assim ele se torna parte da nossa "identidade". Um dos níveis mais básicos de identificação é com as coisas, tanto que dizemos meu brinquedo, que mais tarde se torna meu carro, minha casa, minhas roupas, e assim por diante. 

Tentamos nos encontrar nas coisas, porém nunca conseguimos fazer isso inteiramente e acabamos nos perdendo nelas. Essa é a sina do ego.
Com que tipo de coisa cada um de nós se identifica é algo que varia de pessoa para pessoa, considerando a idade, o sexo, a renda, a classe social, a moda e a cultura dominante, entre outros fatores. 


Aquilo com que alguém se identifica tem tudo a ver com o conteúdo, enquanto a compulsão inconsciente para se identificar é estrutural. Essa é uma das maneiras mais básicas pelas quais a mente egóica funciona.

Paradoxalmente, o que mantém a chamada sociedade de consumo é o fato de que tentar encontrar a si mesmo por meio de coisas não funciona: a satisfação do ego tem vida curta. Assim, a pessoa continua buscando mais, continua comprando, continua consumindo. É claro que, nessa dimensão material em que nosso eu superficial vive, as coisas são uma parte necessária e inevitável da vida. 


Precisamos morar em algum lugar, necessitamos de roupas, móveis, ferramentas, transporte, etc. Há também coisas que valorizamos por causa da sua beleza ou da sua característica inerente. Devemos reverenciar o universo das coisas, e não menosprezá-lo. Cada objeto tem uma Existência, é uma forma temporária cuja origem está na Vida Única, informe, a origem de todas as coisas, de todos os corpos, de todas as formas. 

Nas culturas mais antigas, as pessoas acreditavam que tudo, até mesmo os objetos supostamente inanimados, possuíam um espírito próprio - e a esse respeito elas se encontravam mais próximas da verdade do que estamos hoje em dia. 

Quando se habita um mundo embotado pela abstração mental, não se sente mais a vida pulsante do universo. A maioria de nós não se encontra numa realidade viva, e sim numa realidade conceitualizada. Mas não podemos reverenciar as coisas verdadeiramente se as usamos como meios para ressaltar nosso eu, isto é, se tentamos nos encontrar por meio delas. 

É isso o que o ego faz. Sua identificação com as coisas cria sentimentos de apego e obsessão em relação a elas, o que, por sua vez, forma a sociedade de consumo, bem como suas estruturas econômicas, onde a única medida de progresso é sempre mais. A busca descontrolada por mais, pelo crescimento infinito, é um distúrbio e uma doença. É a mesma disfunção apresentada pela célula cancerosa, cuja única meta é se multiplicar, inconsciente de que está provocando seu próprio fim ao destruir o organismo de que faz parte."...

Fonte: Trecho do livro : O Despertar de uma Nova Consciência - Ekchart Tolle.

Para refletir:  O que a espécie humana está fazendo ao planeta Terra, consumindo de forma crescente e desordenada e querendo fazê-lo de modo infinito ( mas isto não pode ser feito porque os recursos do planeta são finitos) está se tornando um verdadeiro câncer para o planeta. Assim, como o câncer que destroi o seu hospedeiro, a espécie humna destruirá seu meio ambiente e se auto destruirá ao destruir seu  habitat. Como podemos reverter esta situação? Observando, para evitar esta identificação com as coisas que resulta numa necessidade crescente de comprar mais coisas, ou seja consumir compulsoriamente. Podemos usufruir de tudo sem nos tornar dependentes, sem  agregar aquele objeto à nossa identidade. Exercitar o desapego a começar pelas pequenas coisas que usamos e achamos que possuimos. Enfim, é preciso estar com a consciência desperta, estar alerta, atento e sempre observando tudo que estamos vivenciando.