quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

SOBRE O SER HUMANO (homem/mulher)

Fonte: Google Images


O homem é  o ser mais digno da Criação de Deus, porque foi colocado no centro do universo e porque de tudo quanto foi criado ele possui as sementes. Ser ontologicamente de natureza indeterminada, distingue-se, por tal fato, tanto do mundo natural como do mundo angélico, de que é o mediador, distingue-se ainda devido a ser o artífice de si mesmo, de tal modo que o problema da sua natureza não se pode por a priori, mas a posteriori

Enquanto o animal, devido a natureza que lhe é dada à partida, só pode ser animal e o anjo só pode ser anjo, o homem tem quase o poder divino de se constituir segundo aquilo que quiser ser: pode degenerar até os brutos e pode regenerar-se até os anjos, mas a possibilidade de viver como os animais ou como os seres espirituais depende inteiramente de si mesmo, isto é, de sua escolha. 

Esta tese, para a época, (1463-1496), é verdadeiramente notável e peculiar, o homem, ser de natureza indefinida, com a possibilidade de ser tudo, está condenado a escolher, está condenado à liberdade, por parte de Deus. E porque tem de escolher, o homem é fautor do seu destino. Eis o grande milagre.

A recondução do homem a Deus dá-se por via ética e a sua liberdade dá-se como imago Dei: o homem acaba de aparecer como um deus terreno, necessariamente imperfeito porque é apenas reflexo e imagem, isto é, ser à semelhança de Deus que, no entanto,sempre lhe permanece transcendente. Eis uma perspectiva metafísica.

(Pensamento ontológico-metafísico de Pico Della Mirandola in: Discurso Sobre a  Dignidade do homem)